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Com Petrobras, Ibovespa interrompe série sem perdas e cai 0,81%, aos 111 mil

Sem a referência de Nova York no feriado pelo Memorial Day, o Ibovespa se inclinou a uma pausa para realizar lucros, vindo de sete sessões nas quais não registrou perdas. Nesta segunda-feira, em ajuste distribuído pelos setores e ações de maior liquidez – à exceção de Vale ON (+1,08%) -, o Ibovespa cedeu 0,81%, aos 111.032,11 pontos, entre mínima de 110.655,46 (-1,15%), do início da tarde, e máxima de 112.690,15, saindo de abertura aos 111.943,81 pontos.

Faltando apenas a sessão de terça-feira para o fechamento do mês, o índice acumula ganho de 2,93% em maio, retomando a trajetória positiva que prevaleceu entre dezembro e março, interrompida em abril (-10,10%), quando registrou a segunda maior perda do período da pandemia, atrás apenas de março de 2020 (-29,90%). Bem fraco, o giro financeiro desta segunda-feira ficou em R$ 19,4 bilhões. No ano, o Ibovespa sobe 5,92%.

Em dia de agenda relativamente esvaziada pelo feriado nos Estados Unidos, alguns sinais positivos chegaram da China, com o registro dos menores números de contaminação por covid-19 em três meses, observa em nota a Nova Futura Investimentos, destacando também "plano com 50 políticas, inclusive volta ao trabalho presencial", delineado por autoridades do país, o que contribuiu para uma sessão asiática positiva assim como, um pouco mais tarde, também na Europa. Em Dalian, o minério de ferro teve alta de 2,81%, a US$ 131,87 por tonelada.

"A China reabrir é muito interessante, na medida em que volta a tracionar a economia com estímulos que ajudam o minério e as empresas de siderurgia, com efeito sobre preço e demanda no setor. Também é um dos países que mais consomem petróleo, o que tende a mantê-lo em nível alto", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.

Nesta segunda, contudo, em dia de avanço acima de 1% para o Brent de julho, na casa de US$ 121 por barril, as perdas em Petrobras chegaram a superar 4% no pior momento, estendendo a correção da sexta-feira ante incertezas sobre a resiliência da política de preços da estatal, sob ataque tanto do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) como também de seu principal opositor na eleição, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Com relação à Petrobras, todos esses ruídos são ruins, recuando 7% frente à máxima. O diesel está em falta globalmente: há uma questão de refino colocada mundialmente, não é algo particular", acrescenta o gestor. No ano, os ganhos acumulados pelas ações ON e PN da estatal ainda superam 28%, com os do mês entre 8,91% (ON) e 10,14% (PN), bem acima do observado no Ibovespa nos mesmos intervalos. "A rotação de setores continua a favorecer as empresas de valor em relação às de crescimento, no momento em que os juros sobem. Como já estavam muito descontadas (as de crescimento), há aí uma recuperação de preço, mas não uma mudança de tendência", diz Moliterno.

"As ações da Vale foram embaladas pelo bom humor sobre a China, limitando as perdas do Ibovespa, com Petrobras mostrando perdas menores do que as vistas mais cedo. O ruído sobre a política de preços praticada pela empresa coloca seus papéis na contramão da commodity, embora em queda amenizada em direção ao fim do dia", diz Romero de Oliveira, head de renda variável da Valor Investimentos. Em segundo plano, ele destaca o IGP-M de maio, em desaceleração mas ainda em patamar elevado quando se considera o acumulado em 12 meses, em dia no qual o comportamento dos juros futuros manteve pressão sobre as ações de comércio, varejistas, construtoras e tecnologia.

Na ponta do Ibovespa nesta segunda-feira, destaque para BB Seguridade (+2,62%), Braskem (+2,57%) e Minerva (+2,07%). No lado oposto, Locaweb (-4,99%), MRV (-4,42%), Yduqs (-4,12%) e Magazine Luiza (-4,00%). Ao fim, Petrobras ON e PN mostravam, respectivamente, baixa de 2,16% e 1,99% na sessão.

"Os futuros de Ibovespa abriram no positivo, acompanhando o ritmo das bolsas europeias, mas cederam a partir das 10h com a abertura do mercado à vista. Os juros futuros, principalmente os vencimentos mais longos, tiveram um dia de alta expressiva, ligando o radar para a expectativa inflacionária e colaborando para um dia baixista nas principais ações", observa Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora.

"As estatais arrastaram o Ibovespa para baixo nesta segunda, com a notícia do adiamento de uma assembleia, anteriormente marcada para hoje, para tratar da capitalização da Santo Antônio Energia, considerada essencial para o andamento da privatização da Eletrobras. Além da própria ELET3 (ON -3,36%), as ações da Petrobras, ainda enfrentando incertezas com a recente troca de gestão, e Banco do Brasil (ON -2,65%) tiveram quedas fortes no dia", observa Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos.

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