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Com pouco investimento, Paulistano bate de frente com os poderosos do NBB

O alto investimento quase sempre se traduz em resultado no basquete. No caso do Paulistano, não é necessário tanto dinheiro assim para fazer frente aos concorrentes “endinheirados” na atual edição do NBB. Com um gasto mensal de elenco equivalente a um pouco mais da metade dos salários de Leandrinho e Anderson Varejão no Franca e Flamengo, respectivamente, o time da capital paulista acumula 15 vitórias seguidas, superou os dois rivais recentemente e, na liderança, se credencia ao título.

O Paulistano gasta cerca R$ 135 mil por mês para perfilar o time na quadra, custo coberto pela Corpore, patrocinadora da equipe. Embora não divulgue oficialmente, Leandrinho e Anderson Varejão recebem cerca de R$ 250 mil mensais em seus clubes. O investimento de Franca e Flamengo atinge R$ 6 milhões/ano, mais do que o dobro do necessário para manter o basquete no clube da capital paulista.

“Sempre faltou recurso. Não temos um baita recurso atualmente, mas conseguimos disputar de igual para igual com todo mundo”, enfatizou o técnico Gustavo De Conti. “Procuramos estar sempre um passo à frente dos outros. O nosso diferencial está na estrutura que temos à disposição dos atletas”.

Além da Corpore, o Paulistano se mantém com verba proveniente da Lei de Incentivo, em projetos nas esferas federal, estadual e municipal, para fomentação das categorias de base, e um dinheiro adicional do clube para cobrir os custos de uma comissão técnica de alto nível.

Sem tanto recurso, é necessário ter perspicácia para montar o elenco nas diretrizes definidas entre Gustavinho e o supervisor Diego Jeleilate. O planejamento já prevê uma mudança de até 40% de uma temporada para outra para que o rendimento seja mantido. “Estudos até de outros esportes comprovam que isso é necessário”, explicou Diego. “Perdemos peças importantes, mas que já sabíamos que íamos perder”.

Após ser vice da edição passada do NBB – derrota para o Bauru -, o Paulistano perdeu Georginho, Pecos, Hure e Renato, mas trouxe Elinho, Sommer, Fuller, Deryk e Nesbitt. Todos atendem ao perfil desejado por Gustavinho, dentro e fora de quadra. “Uma coisa que buscamos é saber se o atleta produz muito em poucos minutos. Pensamos em sua função e no quanto ele produz aquilo em pouco tempo”, explicou o supervisor.

Para os jogadores, o ótimo momento não surpreende, apesar de reconhecer o favoritismo dos poderosos Franca e Flamengo na competição. “Isso é o reflexo do trabalho. A gente treina muito, trabalha dentro e fora da quadra, o grupo é bastante unido. Estamos no caminho certo”, disse o armador Elinho.

FULLER – O basquete é mais do que uma profissão para Kyle Fuller. Para o norte-americano naturalizado peruano, é uma missão. Depois da morte do pai em 2012 por causa de câncer de pulmão, o jogador de 25 anos virou o “homem da família” e usa o esporte para ajudar sua mãe Olga e o irmão Khalil. “Trabalho duro para ajudá-los. No mês passado, comprei uma casa para ela”, revelou.

A residência fica em um bairro barra-pesada na Califórnia. “Tivemos de colocar grade em frente à casa para ninguém roubar”. Ele se preocupa com o irmão de 21 anos, que está na universidade. “Todos os garotos estão nas drogas, roubando. Falei para meu irmão que não o quero neste caminho. Precisamos de dinheiro honesto”. Em quadra, Fuller disputa a sua primeira edição do NBB e é o cestinha do Paulistano até agora.

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