Ministros do governo do presidente Michel Temer têm usado anúncios de investimentos e promessas de ajuda federal para tentar alavancar campanhas de aliados políticos em municípios de todo o País. Apesar de o próprio Temer ficar fora da campanha para evitar melindrar outros candidatos de partidos aliados, os ministros não foram proibidos de participar de eventos eleitorais. O presidente pediu apenas cautela para evitar um racha na base.
Ficou acertado que os ministros só fariam campanhas em seus Estados, a fim de evitar interferência em bases eleitorais de outros políticos. Ao se empenhar na eleição a prefeito, eles miram na formação de uma base para 2018, quando devem concorrer a cargos eletivos.
É o caso do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB), que deve disputar uma vaga no Senado nas próximas eleições. Ele tem deixado Brasília às quintas-feiras para rodar a Bahia nos fins de semana. Na semana passada, ao lado do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), que lidera a disputa na capital, Geddel anunciou o repasse de R$ 408 milhões em recursos da Caixa para obras do BRT na cidade.
Geddel negou que o ato tenha se tratado de evento de campanha, mas não poupou críticas ao PT e disse que atuou para liberar a verba porque “havia má vontade do governo petista”.
Em Alagoas, o ministro dos Transportes, Maurício Quintella (PR), tem participado de diversos eventos da campanha, especialmente nos fins de semana. Em Maceió, seu candidato é o atual prefeito, Rui Palmeira (PSDB), que está à frente em pesquisas. No palanque, o ministro promete que o tucano terá a parceria do governo federal. No cenário local, porém, o PR de Quintella faz oposição ao PMDB de Temer e do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), que apoia a candidatura de Cicero Almeida.
Os quatro ministros pernambucanos também têm usado a proximidade com o governo federal para engrossar a campanha de candidatos aliados. O titular do Ministério das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), por exemplo, prometeu, durante um comício da candidata do PSDB à prefeitura de Caruaru, Raquel Lyra, que, se ela se elegesse, poderia desembarcar em Brasília no dia seguinte para negociar a construção de moradias populares.
Já o ministro Fernando Bezerra Filho (Minas e Energia) tem participado ativamente da campanha do irmão Miguel Coelho (PSB), em Petrolina. O grupo é reforçado ainda pelo senador Fernando Bezerra (PSB-PE), patriarca da família.
No Recife, os ministros Mendonça Filho (Educação) e Raul Jungmann (Defesa) também estão em campanha. Mendonça Filho apoia a candidata do DEM, Priscila Krause, e o PPS do titular da Defesa está na aliança pela reeleição do prefeito Geraldo Júlio (PSB).
O ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho (PMDB), tem rodado o Pará para apoiar seus aliados e anunciar investimentos. No início do mês, em um evento em Belém, afirmou que mais de 1.800 empregos seriam gerados no Estado graças a incentivos fiscais concedidos pela pasta a três diferentes empreendimentos.
Helder é filho do senador Jader Barbalho, um dos principais nomes do PMDB no Senado, e deve disputar o governo do Pará em 2018.
No caso do ministro Ricardo Barros (Saúde), a influência no governo federal tem sido usada para beneficiar sua filha, Maria Victória, que é a candidata do PP à prefeitura de Curitiba, e seu irmão, Silvio Barros, que disputa a eleição em Maringá.
Barros disse que não está participando ativamente das campanhas dos familiares, mas tem viajado até mesmo durante a semana para Curitiba e, recentemente, cumpriu agenda oficial em Maringá.
A presença de ministros nas campanhas municipais deve aumentar na próxima semana, reta final para o primeiro turno.