Se aplicado o reajuste escalonado proposto nesta quarta-feira, 3, pelos reitores, o déficit da Universidade de São Paulo (USP) ao fim de 2014 será de R$ 1,15 bilhão. É o dobro do que foi previsto no orçamento aprovado em fevereiro: R$ 570 milhões. A USP compromete cerca de 105% do que recebe do Tesouro estadual com a folha de pagamento e recorre a suas reservas financeiras para cobrir as despesas.
O saldo previsto para a poupança no fim do ano, com os gastos extras para o reajuste, será de 1,63 bilhão – 2 bilhões a menos do havia em junho de 2012.
No ano que vem, o déficit previsto também é alto: R$ 1,1 bilhão, se corrigidos os salários de acordo com a inflação para o período. Com isso, a poupança da universidade cairia para R$ 638 milhões em dezembro de 2015.
A expectativa da reitoria, porém, é frear o ritmo de queda das reservas nos anos seguintes com o plano de demissão voluntária (PDV), que estimulará a aposentadoria antecipada de 1,7 mil funcionários com benefícios. “No final deste ano, teremos provavelmente um comprometimento (das receitas com salários) maior do que hoje. Mas há medidas (como o PDV) que tendem a compensar isso”, disse o reitor Marco Antonio Zago anteontem. Docentes não participarão do programa.
Estimativa
Se houver adesão total ao PDV, o comprometimento com a folha deve cair em até 7,5%, mas os efeitos da economia serão sentidos só a partir de 2015. Outras apostas da reitoria para cortar gastos são o estímulo à redução da jornada de trabalho dos servidores, com a diminuição correspondente de salários, e a transferência do Hospital Universitário (HU), na capital, e do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC), em Bauru, para o governo do Estado.
A desvinculação do HRAC foi aprovada na semana passada pelo Conselho Universitário, sob reclamações de grevistas. O repasse do HU, criticado por docentes da Faculdade de Medicina, será discutido na próxima reunião do órgão, no dia 23. Também estão congeladas obras e contratações. Os sindicatos reivindicam que a USP peça mais verbas ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), mas Zago descarta essa saída em curto prazo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.