No momento em que o país chega ao recorde de mortes causadas pela pandemia do novo coronavírus, com 1.129 nas últimas 24 horas, a Alemanha prepara uma forte operação policial para conter as aglomerações e evitar pirotecnias e festas na virada do ano, em meio às restrições impostas pela pandemia.
Em Berlim, até 3 mil agentes garantirão que as medidas de limitação do cumprimento sejam respeitadas, tanto nas vias públicas quanto nas privadas, informou o governo regional da cidade-Estado e da capital alemã.
A venda de fogos de artifício está proibida em todo o país, já que a chegada do ano-novo é tradicionalmente comemorada na Alemanha com muitos fogos de artifício. Nas regiões mais afetadas há restrição de movimentos noturnos.
Na capital, o lançamento de fogos de artifício foi expressamente proibido em 52 pontos – entre eles, Alexanderplatz e o Portão de Brandemburgo, locais com maior concentração de pessoas atualmente -, nos quais nenhum tipo de reunião é permitida.
Essas proibições para o réveillon se somam às de consumo de álcool nas vias públicas, bem como à sua comercialização a partir das 21h na capital ou às 23h em outras cidades.
As autoridades pediram que as regras sejam respeitadas e qualquer concentração evitada. Também foi lembrada a carga de trabalho do pessoal de saúde, à qual não se deve somar a saturação de seus serviços de emergência devido a acidentes com fogos de artifício e álcool.
Em Hesse, ao oeste, e em outras partes do país, medidas estão sendo ativadas para evitar concentrações de famílias e grupos ávidos por praticar esqui ou trenó.
Os teleféricos não funcionam e as estâncias de inverno estão encerradas, mas ocorrem engarrafamentos nas estradas e nos parques de estacionamento perante a multidão de cidadãos que vem passar o dia, uma vez que é proibida a atividade turística.
<b>Mil mortes são excedidas em um dia</b>
O Instituto Robert Koch (RKI), competente no assunto no país, notificou nesta quarta-feira 1.129 óbitos devido ou com covid-19 em 24 horas, a primeira vez que a Alemanha ultrapassa a barreira de mil mortes em um dia. O máximo anterior em um dia de mortes era 962 e tinha sido relatado havia uma semana.
Além disso, foram verificadas 24.740 novas infecções, abaixo do máximo de 33.777 infecções em um dia de meados de dezembro. No entanto, menos exames são praticados durante o período e a atualização dos números de óbitos nos últimos dias diminuiu.
O presidente do RKI, Lothar Wieler, indicou que em relação aos números de óbitos, é necessário olhar não tanto para os dados diários, mas sim para o acumulado no período de sete dias, para poder avaliar com mais precisão a tendência.
O número total de infecções aumentou assim na Alemanha, com 83 milhões de habitantes, para 1.687.185 casos – dos quais 1.302.600 são pacientes recuperados. O número de fatalidades chega a 32.107.
A incidência semanal por 100 mil habitantes é de 141,3 casos, abaixo da máxima de 197,6 em 22 de dezembro. De 50 casos em sete dias, o RKI considera que está em zona de risco.
O aumento no número de fatalidades na Alemanha ocorre quando o governo da chanceler Angela Merkel considera a extensão de uma paralisação severa que foi imposta em dezembro. Escolas e lojas não essenciais permanecem fechadas até 10 de janeiro, quando se encerram as férias escolares, mas políticos importantes pedem o prolongamento de pelo menos algumas das medidas. Os responsáveis pela implementação das medidas devem se reunir no dia 5 de janeiro para avaliar a situação.
As lojas não essenciais estão fechadas desde 16 de dezembro. A esses encerramentos juntaram-se os de animação noturna, cultural e gastronômica, em vigor desde o início de novembro.
Karl Lauterbach, um especialista em saúde dos governantes sociais-democratas, advertiu na quarta-feira que se os números do vírus não forem reduzidos para cerca de 25 por 100 mil pessoas em 7 dias, os riscos se multiplicarão.
Se a situação não melhorar, "passaremos de um bloqueio a outro e então corremos o risco de sofrer mutações contra as quais as vacinas podem não funcionar perfeitamente", disse Lauterbach à televisão ZDF.
<b>Melhoras com a vacina podem demorar meses</b>
As autoridades alemãs lembraram que o coronavírus está disseminado em todas as camadas da população e alertaram que levará meses para melhorar a situação epidemiológica mesmo com a campanha de vacinação iniciada recentemente.
A campanha de vacinação é a maior da história da Alemanha, segundo o ministro da Saúde, Jens Spahn, que descreveu o seu início como um sucesso e lembrou que nos primeiros três dias foi injetada a primeira dose de 60 mil pessoas.
O objetivo do seu governo é distribuir cerca de 1,3 milhão de doses até o fim do ano, a serem ampliadas para 14 milhões no primeiro trimestre e continuar avançando, com a perspectiva de disponibilizar a vacina a todos os cidadãos que o desejarem – "que será gratuito e voluntário", insistiu ele – em meados do ano.
O ministro também expressou confiança de que a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca, aprovada hoje pelas autoridades reguladoras do Reino Unido, também solicitará sua aprovação para a Europa "em breve".
Spahn insistiu que "muitas vacinas seguras" serão necessárias e que o aumento da produção depende de sua diversificação. Até agora, lembrou ele, a vacinação se limita às da alemã BioNTech e de sua associada americana Pfizer, que aguardam a aprovação da Moderna na próxima semana.
"Os efeitos sobre a evolução epidemiológica da vacina vão demorar meses", disse Wieler. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)