Estadão

Com rendimento de 4,69%, Bolsa fica atrás até da poupança em 2022

Em um ano marcado pela guerra na Ucrânia e eleições presidenciais no Brasil, o Ibovespa não conseguiu superar a inflação. Nos últimos 12 meses, quem investiu na carteira perdeu até mesmo para a poupança. O principal índice da B3 terminou 2022 com valorização acumulada de 4,69%, abaixo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 5,9% até novembro, e da Poupança, que acumula retorno de 7,9%.

Esses números marcam o fim de um ano repleto de excepcionalidades e frustrações no mercado. "A renda variável foi o grande lamento do investidor no ano. Muitas quedas e perdas foram constatadas", diz o sócio da Matriz Capital, Fabiano Braun.

Durante o primeiro trimestre, o Ibovespa se descolou do exterior e subiu 14%. Nem mesmo o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, em fevereiro, conseguiu abalar a trajetória da Bolsa brasileira. O entendimento na época era de que o País se beneficiava da situação.

O fluxo de investimento estrangeiro aumentou. Somente entre janeiro e março, os gringos deixaram R$ 69 bilhões por aqui. O conflito bélico também fez subir os preços das commodities.

"A guerra entre Ucrânia e Rússia manteve o petróleo muito alto ao longo do ano, sempre acima dos US$ 70 o barril, em alguns momentos chegando a negociar até acima dos US$ 100", diz João Abdouni, analista da Inv. Reflexo desse movimento pode ser verificado na alta de 80% nas ações da Prio, segundo levantamento da Ágora Investimentos.

A alta do petróleo também beneficiou as ações da maior estatal brasileira: a Petrobras. Os papéis da empresa subiram 47,2% no ano. A valorização só não foi maior porque os papéis sofreram desde outubro com o fim das eleições que elegeram Luiz Inácio Lula da Silva.

"Apesar dessa forte alta, as ações devem apresentar maior volatilidade no curto prazo em função das incertezas geradas com possíveis mudanças nas diretrizes da companhia, com eventual revisão do plano de investimentos, política de distribuição dos dividendos, entre outros", destaca a Ágora.

No último pregão do ano, a possibilidade de alteração no Preço de Paridade de Importação (PPI) no novo governo prejudicou as ações da estatal, que encerraram o dia com queda de 1,40% – desempenho que fez os papéis saírem da lista das 5 maiores altas do Ibovespa no ano, encerrando 2022 como a sexta maior valorização.

Correndo por fora da tese de commodities, as outras duas ações que integram o Top 3 do Ibovespa no ano são de empresas que vinham registrando quedas, mas que em 2022 conseguiram se recuperar: Cielo e BB Seguridade.

<b>Líder</b>

Disparada como a campeã de 2022, a Cielo subiu 140,4% – o melhor ano da companhia na Bolsa de Valores desde seu IPO. Entre os motivos que colaboraram para a alta expressiva estão a melhora operacional da companhia e o momento mais difícil para as fintechs concorrentes, que permitiu que a Cielo recuperasse o espaço de mercado perdido nos últimos anos.

As ações da BB Seguridade subiram 74,8%. O chefe de analise de ações da Órama, Phil Soares, destaca que, no geral, o ano foi positivo para todas as seguradoras, que conseguem surfar a alta de juros. Em 2022, a Selic saiu de 9,25% para 13,75% ao ano. "Todo o setor de seguros subiu, mas BB Seguridade, especificamente por ser muito exposta a agro, está indo muito bem dado o boom do preço das commodities esse ano", diz Soares.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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