O Morumbi, o Trujillanos e uma vitória convincente eram tudo o que o São Paulo precisava para continuar vivo na Copa Libertadores. O retorno ao estádio e a boa presença da torcida empurraram o time nesta terça-feira a bater a fraca equipe venezuelana por 6 a 0 e chegar, finalmente, à primeira vitória na fase de grupos da competição, após três rodadas de angústia.
Uma presença razoável de público viu a melhor atuação do time no ano, com direito até a diminuir (mas sem exorcizar) o fantasma dos cinco pênaltis perdidos e a ver um show de Calleri. O atacante argentino fez quatro gols e teve o seu nome gritado pelos torcedores.
O resultado amenizou os tropeços anteriores (dois empates e uma derrota) e aumentou a esperança de classificação. A equipe continua a depender apenas das próprias forças para ir às oitavas de final, graças ao resultado que selou a reaproximação com a torcida.
O jogo logo cedo deixou de ter como meta apenas a vitória para ser também uma corrida para ampliar o saldo de gols. Em 24 minutos, o São Paulo marcou três vezes, todos em cruzamentos do lado esquerdo. Calleri marcou para se consolidar de novo como o homem-gol do time, Kelvin deixou um no primeiro jogo como titular e João Schmidt fez o primeiro dele com a camisa da equipe.
Os feitos individuais dos jogadores e a atuação segura cativaram a equipe a se manter embalada, no ritmo do ânimo das arquibancadas. Há tempos o São Paulo não se apresentava de forma tão convincente, como se de fato o Morumbi fizesse a diferença. No estádio, o clube tem o aproveitamento de mais de 80% dos pontos na história da competição. Em 79 jogos, são 61 vitórias.
Ter o Trujillanos como o primeiro adversário no Morumbi pela Libertadores foi um prêmio. O frágil time venezuelano era tudo o que o São Paulo precisava. Fraco tecnicamente, ruim no posicionamento e incapaz de acertar fundamentos simples como até mesmo marcar, atributo básico para se jogar como visitante.
A lista de condições favoráveis para a vitória ajuda o São Paulo a superar meses complicados, com atuações ruins, reforma no gramado do Morumbi e jogos com prejuízo de bilheteria no estádio do Pacaembu. Se derrotar o frágil Trujillanos era obrigação, o resultado pelo menos dá confiança e propicia uma reaproximação com a torcida.
Antes brigado com parte dos são-paulinos, Michel Bastos ouviu o nome ser gritado e teve boa atuação. O Morumbi inteiro terminou de lavar a alma no segundo tempo. O time, enfim, converteu um pênalti, com o argentino Calleri. Curiosamente, o atacante perdeu uma nova cobrança, aos 35 minutos. Mas teve sorte para completar no rebote. Foi o sexto erro do time no ano, em oito cobranças. Porém, pouco será lembrado. Ele ainda fez o sexto no fim.
A noite de reabilitação possibilitou ao técnico argentino Edgardo Bauza colocar garotos que buscam espaço, como Lucas Fernandes e Lucão, que tenta reconquistar a torcida após vaias e falhas. A goleada fez a torcida cantar como nunca havia feito em 2016, com a confiança de que na próxima semana o confronto contra o atual campeão da Libertadores, o argentino River Plate, será no mesmo Morumbi.
OUTROS JOGOS – Mais três partidas aconteceram nesta terça-feira. Pelo Grupo 7, na Venezuela, o Deportivo Táchira bateu o Emelec por 1 a 0, se tornou líder ao lado do Pumas (México) com 9 pontos e eliminou a equipe equatoriana. Pelo Grupo 4, o Huracán ganhou em casa do Sporting Cristal por 4 a 2. O time argentino foi a 6 pontos na vice-liderança, trocando de posição com os peruanos, que ficam com 4.
Por fim, pelo Grupo 6, que tem o Grêmio, o Toluca derrotou de virada a LDU por 2 a 1, no México, e disparou na liderança com 10 pontos, agora garantido nas oitavas de final. O clube brasileiro é o vice-líder com 5 e San Lorenzo e LDU têm 3 cada, após quatro rodadas.
FICHA TÉCNICA
SÃO PAULO 6 x 0 TRUJILLANOS
SÃO PAULO – Denis; Bruno, Maicon, Rodrigo Caio (Lucão) e Mena; Hudson (Thiago Mendes) e João Schmidt; Michel Bastos, Paulo Henrique Ganso e Kelvin (Lucas Fernandes); Calleri. Técnico: Edgardo Bauza.
TRUJILLANOS – Pérez; Granados, Castillo, Erazo e Páez; Mendoza (Osorio), Cova, Sosa (Contreras) e González (Nieves); Cabezas e Rojas. Técnico: Horacio Matuszyczk.
GOLS – Calleri, aos 12, Kelvin, aos 17, e João Schmidt, aos 24 minutos do primeiro tempo; Calleri, aos 4 (pênalti), aos 35 e aos 41 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS – Mena e Maicon (São Paulo); Erazo (Trujillanos).
ÁRBITRO – Ulises Mereles (Fifa/Paraguai).
RENDA – R$ 747.042,00.
PÚBLICO – 18.561 pagantes.
LOCAL – Estádio do Morumbi, em São Paulo (SP).