Instalações homenageando as vítimas do novo coronavírus espalhadas pela cidade de São Paulo com a proposta de permitir a higienização das mãos e a conscientização sobre medidas preventivas e cuidados com a saúde mental. Esta é a proposta do projeto Totens Urbanos – Memorial Pró-Saúde, que será inaugurado nesta segunda-feira, 31, na Avenida Paulista e que será ampliado para outros 16 pontos da capital.
Historiador e produtor executivo do projeto, Danilo Cesar, que também é coordenador da Rede Apoio Covid, conta que a proposta surgiu do encontro de duas iniciativas que tinham como objetivo homenagear as vítimas fatais da doença, dando suporte aos seus familiares, e promover o acesso a informações corretas sobre prevenção.
"A nossa rede de apoio para as famílias de vítimas fatais começou a atuar no fim de março e a gente vem fazendo um trabalho de memória, rituais virtuais de despedida, porque as pessoas não estão conseguindo se despedir dos seus entes queridos. E nos somamos a outras iniciativas interessantes."
Uma delas foram os totens criados pelo arquiteto Leonardo Fernandes Dias, que participou de uma competição internacional de uma plataforma norte-americana com foco na pandemia e foi o vencedor na categoria júri popular com um projeto que unia o conceito de memorial aos cuidados com a saúde.
Com as histórias de quem perdeu familiares para uma doença que já vitimou mais de 120 mil brasileiros e a ideia de uma estrutura que pudesse ir para as ruas e não permitir que vidas fossem representadas apenas com números, a intervenção foi elaborada e a Avenida Paulista, por seu caráter simbólico para a cidade, foi o primeiro ponto escolhido para a instalação – ela ficará em frente ao Masp.
Além de fazer a homenagem aos mortos, a instalação tem pias embutidas com acionamento por aproximação e orientações de como lavar as mãos corretamente. O dispenser tem capacidade para 21 litros de água com sabão e outro com 21 litros de água, que serão abastecidos periodicamente. O totem é adaptado para cadeirantes.
"É uma solução sustentável e segura. Ele tem orientações de como usar máscara, não compartilhar objetos, não colocar as mãos nos olhos, porque estamos diante de uma quantidade enorme de informações falsas sobre a doença e precisamos passar para a população informações realmente confiáveis. A gente se coloca contra o negacionismo científico e as políticas de esquecimento das mortes. Não dá para se acostumar com 1 mil mortes por dia como se fosse banal."
<b>Homenagem</b>
César conta que, além dos anônimos, o memorial tem como objetivo fazer uma grande homenagem ao escritor e compositor Aldir Blanc, que morreu em maio deste ano após ser infectado pelo novo coronavírus. "Ele foi um médico psiquiatra e um dos maiores compositores da música brasileira. Nele, está sintetizado tudo que a gente busca nesse processo de defesa da vida, buscando uma sociedade mais humana. Também para falar sobre o papel que a cultura e a arte cumprem. Se não fossem os conteúdos artísticos, estaríamos mais adoecidos."
Dias, que também é o diretor de arte do projeto, diz que o totem pode receber adaptações e, no futuro, ser uma alternativa a ser integrada nas cidades não só para permitir a higienização das mãos e a difusão de informações, mas para interagir com outras tecnologias.
"Se tiver o LED, há a possibilidade de trabalhar outras informações, é possível instalar câmeras de temperatura corporal e eles podem ser integrados com aplicativos que surgiram com a pandemia. Pode usar a cobertura para captação de água para suprir o totem. É um projeto com diversas possibilidades."