É interessante notar como o filme Uncharted chegou aos cinemas na última quinta-feira, 17, cercado de incertezas. Afinal, de um lado, havia a dúvida sobre a carreira de Tom Holland para além da franquia do Homem-Aranha – trabalhos como Cherry e Mundo em Caos não foram tão bem recebidos. Além disso, uma sina histórica rondava a produção: o fato de ser a adaptação de um videogame, quase uma maldição no histórico de Hollywood.
A boa notícia é que deu certo. Uncharted conseguiu romper com essas duas incertezas e, ainda que não seja um filme memorável, faz bem seu trabalho de divertir e passar o tempo. De quebra, foi o filme mais visto no Brasil no fim de semana, com arrecadação de R$ 7,2 milhões, e também no mercado dos Estados Unidos e Canadá, onde faturou US$ 44 milhões.
Espécie de mistura de Indiana Jones com qualquer trama de Dan Brown, o longa-metragem conta a história de Nathan (Holland), um rapaz apaixonado por história por conta do irmão mais velho e que, no momento, vive de pequenos golpes. Sua vida vira de cabeça para baixo, porém, quando ele cruza o caminho de Victor (Mark Wahlberg), um homem que quer roubar uma cruz, em um leilão, para conseguir abrir o tesouro de Fernão de Magalhães.
A partir daí, começa a mistura da aventura de buscar esse tesouro escondido enquanto o roteiro de Rafe Judkins (A Roda do Tempo), Art Marcum (Homem de Ferro) e Matt Holloway (MIB: Homens de Preto – Internacional) brinca com teorias da conspiração e tramas histórias rocambolescas. Há bons cenários, assim como uma direção correta de Ruben Fleischer (Zumbilândia), que sabe usar os efeitos especiais sem tornar a trama carregada.
<b>Saídas</b>
No entanto, o que mais chama a atenção em Uncharted são justamente esses pontos de dúvida que foram resolvidos. Primeiramente Tom Holland: o astro de Homem-Aranha: Sem Volta para Casa convence como uma das apostas mais seguras no cinema de aventura, ao lado de nomes como Dwayne Johnson e Ryan Reynolds. Ainda que o roteiro pese bastante pelo humor da Marvel, talvez pela presença de Art Marcum no roteiro, isso não contamina.
Depois, é impossível perceber como Fleischer encontrou um bom meio-termo para adaptar um jogo de videogame. Enquanto filmes como Mortal Kombat, Tomb Raider, Rampage e Warcraft ficaram preocupados demais em emular o exato sentimento do videogame, filmes como Uncharted e até mesmo Sonic conseguiram ir além: a base está ali, assim como algumas piscadelas no roteiro e direção para que o público que é fã do jogo fique contente.
Obviamente, há um longo caminho a ser trilhado para que os filmes inspirados em jogos de videogame quebrem de vez a maldição construída ao longo de décadas – além disso, é preciso esperar para ver se Sonic e Uncharted não vão se transformar apenas em fórmulas vazias. Mas, por enquanto, há espaço para se divertir com o bom momento dos games nos cinemas e com Holland nas telonas, mostrando que o cinema de aventura continua vivo.