A história da classificação do Palmeiras para a semifinal do Campeonato Paulista foi muito mais um roteiro de suspense do que de brilho. A “zebra” passou perto de aparecer na manhã deste domingo no Allianz Parque e os 35 mil presentes precisaram passar por muita angústia até Leandro Pereira marcar o gol salvador da vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo.
O jogo lembrou muito o confronto no qual o time alviverde foi eliminado na semifinal do Estadual de 2014, contra o Ituano. O favorito pressionava, sufocava e o gol na saía. A diferença é que neste domingo o Palmeiras conseguiu decidir a tempo de evitar um novo desastre. A vitória premiou quem buscou atacar e demonstrou ser capaz de dominar a própria ansiedade.
O clima do mata-mata na nova arena deixou o estádio lotado e com muita expectativa. O ambiente de otimismo levou o time do Palmeiras a entrar em campo afobado para corresponder. A vontade era superior à paciência para superar a retranca e o jogo se configurou desde o início em duelo declarado de um time defensivo, e com poucas ambições de avançar, contra um ataque em busca de calma e inspiração.
Aos poucos o Palmeiras colocou os nervos no lugar e descobriu o elementar no futebol. Atacar pelos lados era uma boa opção, principalmente com Dudu, pela esquerda. O time levou 20 minutos para conseguir criar chances e, quando perdeu duas oportunidades incríveis, aumentou ainda mais o caldeirão de ansiedade no Allianz Parque.
Dudu perdeu daqueles gols incríveis, imperdoáveis e inesquecíveis. Sozinho, na pequena área, concluiu na trave e sem goleiro a sobra de um escanteio aos 22 minutos. Logo depois Rafael Marques desviou um cruzamento e obrigou o goleiro Renan Rocha a fazer um milagre para evitar o gol.
O Botafogo só conseguia esfriar o ímpeto adversário ao ganhar tempo. Porque quando tinha a chance de jogar, não criava e mal passava do meio-campo. O Palmeiras, então, vivia uma situação complicada. O gol parecia questão de tempo, mas quanto mais o jogo avançava, maior era a ansiedade.
O segundo tempo trouxe ainda mais ingredientes de expectativa. Valdivia estava no banco de reservas, assim como Cleiton Xavier, que esperava pela reestreia. O repertório ofensivo do Palmeiras continuou pouco variado e pela primeira vez o Botafogo conseguiu assustar e quase marcou em um contra-ataque. A angústia passava a ser maior do que o otimismo. Um gol foi anulado, um pênalti foi cobrado da arbitragem e a bola continuava a rondar a área sem que ninguém a finalizasse.
Bastou um instante de lucidez para quebrar todo o roteiro de suspense. Valdivia já estava em campo e teve a calma que faltava ao time. Segurou a bola, limpou a jogada e esperou alguém se desmarcar e tocou para Lucas servir Leandro Pereira, que completou para o gol e tirou do sufoco os 35 mil presentes. Pelo menos momentaneamente.
A angústia durou até o fim. O Botafogo conseguiu pressionar, levar perigo e fazer o palmeirense roer as unhas. Não foi preciso ser brilhante para avançar, mas o que decidiu a favor do time alviverde foi apoiar-se no grito da torcida e conseguir conter a ansiedade.
FICHA TÉCNICA:
PALMEIRAS 1 x 0 BOTAFOGO
PALMEIRAS – Fernando Prass; Lucas, Victor Ramos, Vitor Hugo e Zé Roberto (Victor Luís); Gabriel (Valdivia), Arouca e Robinho; Rafael Marques, Dudu (Cleiton Xavier) e Leandro Pereira. Técnico: Oswaldo de Oliveira.
BOTAFOGO – Renan Rocha; Gimenez, Eli Sabiá, Halisson e Dênis; André Rocha (André Santos), Liel, Bruno Costa, Rodrigo Andrade (Wesley) e Vítor (Zé Roberto); Diogo Campos. Técnico: Régis Angeli.
GOL – Leandro Pereira, aos 26 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS – Rodrigo, Gabriel, Gimenez, André Rocha, Halisson, Liel, Vitor Hugo, Dênis, Leandro Pereira, Victor Luís.
ÁRBITRO – Marcelo Rogério.
RENDA – R$ 2.498.585,00.
PÚBLICO – 35.437 pagantes.
LOCAL – estádio Allianz Parque, em São Paulo (SP).