Ao menos 20 idosos já morreram em asilos do interior de São Paulo por covid-19. Pelo menos dois óbitos suspeitos estão em investigação. Há também pacientes em isolamento ou internados com a doença. O Estado possui 589 centros de acolhimento de idosos públicos ou conveniados, que reúnem 19,2 mil pessoas com 60 anos ou mais. Essa faixa etária é considerada grupo de risco para o coronavírus.
Desde o início da pandemia, as unidades suspenderam as visitas e foram alertadas para redobrar cuidados para evitar a infecção. Vários abrigos já registraram mortes e há casos de famílias que retiraram seus idosos internados e levaram para casa.
Em Itu, a prefeitura decretou intervenção em uma clínica de idosos após a morte do terceiro residente com sintomas de covid-19. Dois dos casos, uma mulher de 67 anos que morreu na noite de domingo, 3, e um homem de 72 anos que morreu na segunda, 4, tiveram resultado positivo para covid-19.
Na manhã desta terça, dia 6, uma idosa de 93 anos morreu com sintomas da doença, mas o resultado do exame ainda não saiu. Outros quatro – dois funcionários e dois idosos – estão com o novo vírus. Os idosos estão internados, um deles em UTI. Há ainda suspeita da doença em outros dois funcionários e 14 internos. Eles ainda passavam por avaliação médica na tarde de terça.
A prefeitura enviou equipes das vigilâncias sanitária e epidemiológica para assumir os serviços de saúde na unidade. O município determinou que as famílias dos idosos assistidos pela clínica particular fossem comunicadas sobre os casos e as providências tomadas. A prefeitura informou ainda que todas as clínicas de longa permanência de Itu foram vistoriadas desde o início da pandemia. As identidades das vítimas e o endereço do estabelecimento foram preservados "por questões de sigilo médico", segundo a prefeitura.
No Lar Betel, em Piracicaba, onde foram registradas oito mortes de idosos, ainda há quatro deles internados e sete em isolamento no local. Dos 25 funcionários que pegaram o vírus, 14 estão afastados. A administração iniciou na quarta-feira o que chama de "isolamento inverso". Os residentes sem sintomas estão sendo retirados e levados para outra unidade.
"Estamos cuidando de preservar a saúde daqueles que estão com a saúde preservada para reduzir o risco de contaminação pelo coronavírus", disse o presidente Luiz Adalberto dos Santos. Houve três casos de famílias que retiraram os idosos e levaram para casa. "É um direito das famílias, desde que os residentes estejam em condições de saúde estável. Se estiver positivo para a covid-19, não pode sair para não levar o vírus para fora."
Ainda em Piracicaba, duas idosas internas do Residencial Bem Viver morreram após contrair o vírus. Elas tinham 80 e 85 anos, respectivamente, e chegaram a ser internadas em hospitais da cidade, mas não se recuperaram. Segundo a administração do abrigo, as duas pacientes tinham comorbidades. Outros quatro idosos que tiveram a covid-19 permanecem internados, mas estão se recuperando, segundo a direção. Dois residentes que não tinham o vírus já foram levados para casa por familiares.
A filha de uma das idosas que morreu, Gisele Rossin, disse que a família não foi avisada de que havia casos de coronavírus entre os residentes. Segundo ela, o asilo recebeu um idoso da capital que apresentou sintomas da doença e morreu, no dia 16 de abril, em um hospital da cidade. "Só soubemos desse caso depois que minha mãe também ficou doente", relatou.
Cecília Maria Biasin Rossin, de 60 anos, mãe de Gisele, foi internada no dia 27 de abril no Hospital Regional de Piracicaba e faleceu no Domingo. O Bem Viver informou que o idoso não tinha sintomas quando passou pelo abrigo, onde não ficou como interno. O Ministério Público abriu procedimento para apurar as mortes.