Estadão

Comandante da Marinha diz que militares não se mobilizaram para dar golpe

O comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, afirmou nesta segunda-feira, 11, que a Força naval não se mobilizou para empreender um golpe de Estado após a vitória eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo o ministro da Defesa, José Múcio, os militares foram responsáveis por impedir que a democracia fosse "maculada".

Segundo Olsen, apesar da delação premiada do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, que afirmou que o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, era simpático a um golpe de Estado, não houve um "planejamento ou adestramento específico" dos militares.

"Houve um vazamento de uma delação em que implica o ex-comandante da Força, mas seja no meu conhecimento que isso tenha implicado a mobilização de forças ou mesmo o planejamento de emprego dessas forças, eu posso te assegurar que não houve", afirmou Olsen, em um almoço com jornalistas.

Na delação premiada para a Polícia Federal (PF), Cid disse que Bolsonaro teria se reunido com os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica depois da derrota eleitoral, a fim de consultar os militares sobre uma alternativa golpista para permanecer no Palácio do Planalto. Segundo o tenente-coronel, Garnier foi único que apoiou a medida, enquanto que outros membros da alta cúpula declinaram da ideia proposta pelo ex-presidente.

Nos últimos meses do governo Bolsonaro, Olsen era comandante operacional da Marinha. Segundo ele, uma mobilização golpista na Força teria que ter o seu conhecimento, o que ele defende não ter ocorrido durante o término do mandato do governo anterior.

"Todas as forças de pronto emprego estavam subordinadas a mim e não teve nenhum planejamento e nenhum adestramento. O emprego da Força em qualquer um daqueles campos de atuação não se dá sem o conhecimento e ação do comandante operacional", afirmou.

Múcio diz que Forças Armadas impediram que a democracia fosse maculada
Durante o encontro, o ministro da Defesa afirmou que as Forças Armadas foram as responsáveis por impedir que a tentativa golpista de Bolsonaro não tivesse sucesso. Segundo ele, os militares impediram que a democracia brasileira fosse "maculada".

"O golpista é um contraventor, eu tenho absoluta certeza e repito muito que foi graças às Forças Armadas que a nossa democracia não foi maculada. Somos parceiros e quanto tiver qualquer comemoração no dia 8, nós vamos ser os primeiros a chegar lá", afirmou Múcio.

No encontro com jornalistas, Múcio também disse que as Forças Armadas não vão permitir "em hipótese nenhuma" que o exército venezuelano entre em território brasileiro para invadir a Guiana. Os dois países estão em uma tensão diplomática por conta da região da Guiana Essequiba, que equivale a dois terços do território guianense e é desejada pelo ditador Nicolás Maduro.

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