Devido à covid-19, o Brasil não teve a festa mais característica do País neste ano: o carnaval. Porém, a Netflix produziu um "registro histórico" da última vez que essa celebração ocorreu em Salvador, para acalentar a saudade dos foliões que não puderam festejar no ano de 2021.
Carnaval é o novo filme de comédia brasileira que vai estrear na plataforma de streaming no dia 2 de junho. No longa, a influenciadora digital Nina, interpretada por Giovana Cordeiro, descobre um vídeo de traição do namorado sendo viralizado.
No intuito de superar o término, ela procura contatos para viajar para Salvador, no carnaval, com tudo pago. A protagonista embarca nessa festa junto das três melhores amigas, Michele, personagem feita pela influencer Gkay, Vivi, interpretada por Samya Pascotto, e Mayra, personagem de Bruna Inocencio.
Mal sabem elas que essa permuta vai trazer muito mais do que novos seguidores. A viagem fará com que todas redescubram o valor da amizade e conheçam toda cultura da cidade da Bahia, para além dos camarotes e festas glamourosas.
Em entrevista ao <i>Estadão</i>, o diretor do filme, Leandro Neri, explica que a produção foi gravada no início de 2020 e que, a princípio, o intuito era que as pessoas se divertissem com as aventuras das quatro amigas. No entanto, as filmagens tiveram de ser interrompidas em março e só retomaram em setembro, devido à pandemia.
"O carnaval no Brasil, neste ano, é na Netflix, não na rua. No início, eu queria fazer uma comédia bem-humorada e leve para as pessoas. Hoje, além disso, acabamos criando um filme saudosista. Isso porque, talvez, a gente tenha um registro histórico do carnaval de um jeito que nunca mais vai existir. E também criamos um filme com tom escapista. Atualmente, as pessoas estão sonhando em viajar, festejar, poder se encontrar com quem gosta. Temos em mãos uma peça que é exatamente o que todo mundo está querendo neste momento", afirma.
As filmagens foram todas feitas com imagens reais da folia em Salvador. Para Leandro, este foi um dos maiores desafios de sua carreira, pois, além da logística de gravar em um evento dessa proporção, ele estava representando a cultura baiana para todo o público internacional da Netflix. O filme também mostra a culinária local, músicas, rodas de capoeira e até rituais religiosos.
"Procuro sempre trazer verdades nas cenas, quero que as pessoas embarquem no filme. Então, gravar no carnaval era fundamental para mim. Além de filmar dentro das festas, a gente tinha sequências também nas ruas, no Pelourinho, e a contenção nesses locais é muito complicada. O planejamento das sequências começaram um ano antes porque envolviam os personagens, que estão dentro do camarote, e até um cantor fictício que se apresenta em cima de um trio elétrico", explica.
<b>Redes sociais</b>
Além da festa, o filme também exibe os bastidores da vida dos influenciadores digitais: a busca por engajamento e as dificuldades de conciliar a vida pessoal com a vida pública. Para Giovana Cordeiro, o longa também proporciona uma nova perspectiva sobre a idealização em torno das redes sociais.
"A comédia convida as pessoas a pensarem sobre a importância de personalizarmos o uso da internet. A gente só vê uma parcela da realidade, aquela que é projetada no Intagram. Isso é um perigo para quem consome, porque dá uma falsa ideia de perfeição e alimenta sentimentos de frustração e comparação entre os jovens", diz.
"O filme não é uma critica às redes sociais, é uma defesa sobre um uso saudável. A Nina é uma personagem insegura e isso fica nítido, porque ela tenta parecer uma pessoa que ela não é, e acho que todo mundo já sentiu isso. O filme convida a refletir mais sobre essa insegurança e sobre o que realmente vale ser compartilhado", conclui.