Nesta sexta-feira, dia 23, às 6h04 (horário de Brasília), começou a primavera. Mas, esse horário tem mais a ver com a astronomia do que com a meteorologia. Isso porque exatamente neste horário, os dois hemisférios da Terra receberam a mesma quantidade de energia vinda do sol. Todas as cidades do planeta terão 12 horas claras e 12 horas de penumbra. A partir das 6h05min, o hemisfério Sul começou a receber mais energia que o hemisfério Norte, até que em 22 de dezembro, às 3h30, chegaremos ao máximo de energia vinda do sol, enquanto que o hemisfério norte receberá a menor quantidade de energia. Será o fim da primavera e o começo do verão no Brasil.
A primavera normalmente é conhecida pela estação das flores. Entretanto, na meteorologia, a primavera é conhecida pela estação dos grandes temporais. Segundo Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, os dias cada vez mais longos esquentam a atmosfera, deixando-a mais instável, favorável à formação de nuvens carregadas. Para completar, a umidade que vem da Amazônia (combustível para os temporais) aumenta nesta época do ano.
A estação também marca a transição entre o inverno frio e seco para o verão chuvoso e quente. Porém, essa transição não é linear. Uma hora, chove como no verão e de repente, a chuva corta e vem um frio intenso. "Portanto, é natural que a primavera apresente características de todas as estações num período curto, muitas vezes no mesmo dia, parecendo que o clima está maluco", explica o meteorologista.
Influências – O La Niña no oceano já começou, com desvio de temperatura em torno de -0,7°C. Entretanto, os efeitos na atmosfera serão sentidos a partir de meados da primavera e, especialmente no verão. "É interessante perceber que boa parte dos efeitos que estão e serão registrados nos próximos meses são creditados ao La Niña, que mal acabou de nascer no oceano. Isto acontece porque anos de La Niña e anos neutros são muito parecidos, com efeitos indesejáveis, especialmente para a agricultura. Aqueles que pensam que em ano neutro a chuva tem que retornar na hora certa e aumentar de forma gradual, ficarão surpresos. Anos neutros apresentam chuva quase tão irregular quanto anos de La Niña no centro e norte do Brasil", comenta Celso Oliveira.
Como será a estação esse ano
De acordo com os meteorologistas da Somar, a primavera e o verão 2011/2012 serão muito parecidos com o biênio 2008/2009. Naquela época, 2008 foi marcado por dois fenômenos La Niña, um no início e outro no término do ano, intercalados por uma neutralidade. Assim como naquela época, pode-se dividir a primavera em duas.
Em setembro e outubro, os temporais que já vêm castigando o Sul prosseguirão sobre o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. As frentes frias ainda serão influenciadas por bloqueios atmosféricos que farão com que as chuvas sejam mais persistentes por lá. E como chove demais no Sul, para o Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, não sobrará muita coisa. "A chuva até acontecerá, como já aconteceu neste mês. Entretanto, boa parte da chuva destes dois meses estará associada com a condição tropical. Ou seja, veremos muitas pancadas de chuva de fim de tarde que acabam trazendo acumulado aquém do esperado para a agricultura, por exemplo", afirma Celso.
Calor em setembro e outubro
Segundo previsão da Somar, vai fazer calor nos meses de setembro e outubro. "Entretanto, não deveremos observar uma semana de calor persistente. O calor deve durar um ou dois dias e já acabar por conta da passagem de uma frente fria. Roupas de meia estação serão necessárias por pelo menos mais uns 45 dias", avisa Cássia. Este prognóstico também vale para a costa de São Paulo e do Rio de Janeiro, onde as frentes frias passarão com freqüência nestes próximos dois meses. Já no interior do Sudeste, em todo o Centro-Oeste, Norte e Nordeste, enquanto as chuvas fortes e generalizadas não retornarem, o calor será intenso, favorável à venda de artigos ligados ao verão.
A partir de novembro e dezembro o padrão começa a mudar em todo o país. A chuva deve diminuir de forma considerável no Sul e as precipitações mais intensas, finalmente atingem o centro e norte do Brasil (Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste).