Começou neste sábado, dia 25, o principal evento internacional de artes realizado no Brasil, a 29ª Bienal de São Paulo. Com aporte do governo federal de aproximadamente R$ 46 milhões, através da Lei de Incentivo à Cultura e do Fundo Nacional de Cultura (FNC), o evento segue até 12 de dezembro, com 850 obras, de 159 artistas.
Este ano, a Bienal de São Paulo está ancorada na ideia de que é impossível separar a arte da política. De acordo com a equipe tutorial, essa impossibilidade se expressa no fato de que a arte, por meios que lhes são próprios, é capaz de interromper as coordenadas sensoriais com que entendemos e habitamos o mundo, inserindo nele temas e atitudes que ali não cabiam e tornando-o, assim, diferente e mais largo.
A eleição desse princípio organizador do projeto curatorial se justifica por duas principais razões. Em primeiro lugar, por viver-se em um mundo de conflitos diversos, onde paradigmas de sociabilidade são o tempo inteiro questionados, e no qual a arte se afirma como meio privilegiado de apreensão e simultânea reinvenção da realidade. Em segundo lugar, por ter sido tão extenso esse movimento de aproximação entre arte e política nas duas últimas décadas, se faz necessário, novamente, destacar a singularidade da primeira em relação à segunda, por vezes confundidas ao ponto da indistinção.
É nesse sentido que o título dado à exposição, "Há sempre um copo de mar para um homem navegar" – verso do poeta Jorge de Lima tomado emprestado de sua obra maior, Invenção de Orfeu (1952) -, sintetiza o que se busca com a próxima edição da Bienal de São Paulo: afirmar que a dimensão utópica da arte está contida nela mesma, e não no que está fora ou além dela. É nesse "copo de mar" – ou nesse infinito próximo que os artistas teimam em produzir – que, de fato, está a potência de seguir adiante, a despeito de tudo o mais; a potência de seguir adiante, como diz o poeta, "mesmo sem naus e sem rumos / mesmo sem vagas e areias".
Por ser um espaço de reverberação desse compromisso em muitas de suas formas, a mostra vai pôr seus visitantes em contato com maneiras de pensar e habitar o mundo para além dos consensos que o organizam e que o tornam ainda lugar pequeno, onde nem tudo ou todos cabem. Vai pôr seus visitantes em contato com a política da arte.
Serviço
29ª Bienal de São Paulo
Parque do Ibirapuera, Portão 3 – Tel.: 5576-7600
De 25/09 a 02/12 – De 2ª a 4ª, das 9h às 19h (entrada até as 18h); 5ª e 6ª, das 9h às 22h (entrada até as 21h); sábado e domingo, das 9h às 19h (entrada até as 18h)
Entrada gratuita
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