O comentarista chefe de política no The Daily Telegraph, Peter Oborne, pediu demissão por causa da cobertura feita pelo jornal britânico do escândalo envolvendo o banco HSBC. Para Oborne, a cobertura fraca faz parte de um esforço para minimizar a análise crítica do banco e do caso, de modo a preservar contratos publicitários lucrativos.
Peter Oborne acusou o jornal de realizar uma forma de “fraude em seus leitores” ao prejudicar a cobertura de vazamentos de informações que mostram que o banco ajudou clientes ricos a sonegar impostos, o que chamou a atenção do resto da mídia britânica.
“Você precisava de um microscópio para encontrar a cobertura do Telegraph”, disse Osborne em um comentário explicando sua decisão. “Nada na segunda-feira, seis parágrafos magros no canto inferior esquerdo da página dois na terça-feira, sete parágrafos no meio das páginas de negócios na quarta-feira”.
O Telegraph respondeu e afirmou que “a distinção entre publicidade e nossa operação editorial premiada sempre foi fundamental para o nosso negócio. Refutamos totalmente qualquer alegação do contrário”.
O HSBC não quis comentar.
O jornal The Guardian, uma das publicações que ajudaram a revelar a história sobre os documentos vazados, alegou que o HSBC colocou sua conta de publicidade com o jornal “em pausa”, em meio a discussões sobre as atividades da entidade.
“O HSBC fez a mesma coisa com o Telegraph”, afirmou Oborne à BBC. “Há um padrão se desenvolvendo aqui de que, quando o HSBC está sendo investigado, a publicidade seca”.
Oborne alegou que o jornal evitou a cobertura crítica do HSBC após o banco recuar com a publicidade do jornal, na sequência de uma série de histórias no final de 2012 sobre a filial do HSBC em Jersey, uma ilha no Canal Inglês que é muitas vezes vista como um paraíso fiscal.
“Esse foi o momento crucial. Desde o início de 2013 em diante, histórias críticas sobre o HSBC foram desencorajadas. O HSBC suspendeu a sua publicidade com o Telegraph”, alegou Oborne. “A sua conta, foi-me dito por um insider extremamente bem informado, era extremamente valiosa. O HSBC, como um ex-executivo Telegraph me disse, é o anunciante que você literalmente não pode se dar ao luxo de ofender”.
As alegações foram feitas em um momento em que muitos jornais no Reino Unido e em outros lugares estão enfrentando problemas financeiros, em meio a perda de receitas de publicidade e concorrência de plataformas de Internet. Fonte: Associated Press.