Em um clima acalorado de discussão em plenário, a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira, 29, a convocação dos ministros de Minas e Energia, Edison Lobão; e da Agricultura, Neri Geller. Apresentados pela oposição, os pedidos de convocação também tinham como alvo o ministro da Integração Nacional, Francisco Coelho Teixeira, mas com esvaziamento da sessão o requerimento não chegou a ser votado.
Lobão foi convocado – a partir de um requerimento do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) – para explicar a venda de 51% da Centrais Elétricas de Goiás (Celg) à Eletrobras. Já Neri Geller terá de esclarecer – à pedido do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) – a decisão da pasta em transferir para o Lanagro/MG (Laboratório Nacional Agropecuário) a tarefa de fazer as provas de controle de qualidade oficiais em vacinas contra a febre aftosa.
Em uma comissão dominada pelos oposicionistas, a base aliada só conseguiu evitar hoje a convocação do ministro da Integração Nacional, mas o assunto deve voltar à pauta da próxima sessão. A bancada governista vinculou a ação da oposição à derrota na sucessão presidencial. “Estamos tratando aqui da relação entre o Executivo e o Parlamento. O esgarçamento não faz bem. A eleição ficou para trás há dois dias”, argumentou o deputado Márcio Macêdo (PT-SE).
Um dia após a Câmara derrubar o decreto presidencial que criou os conselhos populares, o petista disse que o clima de beligerância não faria bem à Casa. “Não é na força, na intolerância que vai resolver o problema”, insistiu Macêdo.
Caiado, que é líder da oposição no Congresso, ironizou o apelo do colega por “equilíbrio” no Parlamento e disse que, se o tucano Aécio Neves tivesse sido eleito presidente da República, os sem-terra estariam “obstruindo” o País. O parlamentar questionou a sinalização feita no último domingo pela presidente Dilma Rousseff de promover o diálogo em seu segundo governo e disse que a petista “plantou a discórdia no País”.
O deputado acusou o PT de criar um “apartheid social”. “Vocês terão aqui parlamentares que não vão ceder ao canto da sereia do PT. Vamos ao enfrentamento”, avisou.
Ainda no clima de confronto, o líder da oposição no Congresso disse que ministro “tem de ser convocado sim” pelo Parlamento. “Porque daqui alguns dias eles serão trazidos aqui debaixo de vara”, afirmou.
O deputado Márcio Macêdo reagiu à declaração de Caiado e insistiu na construção do diálogo entre o Executivo e o Legislativo. “Nós vivemos uma democracia, tem de respeitar o Parlamento e o Estado de direito. Não pode dizer uma coisa dessa para um ministro de Estado. O senhor já defendeu quem usou baioneta, mas aqui é uma democracia, que tem de ser respeitada”, rebateu.