Uma comissão formada pelas principais autoridades esportivas na Espanha informou que pedirá pessoalmente a Ángel María Villar para que se demita do cargo de presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF).
A decisão foi informada durante encontro realizado na terça-feira que envolveu os principais dirigentes das federações regionais de futebol. Presidente da autoridade máxima do esporte na Espanha, o Conselho Superior Esportivo, Jose Ramon Lete contou que “há uma unanimidade e um completo consenso de que a melhor solução é a demissão de Villar”.
Villar, que desde 1988 preside a RFEF e figurou por muitos anos como um dos vice-presidentes da Fifa, foi detido em julho pelo seu envolvimento em um escândalo de corrupção, assim como seu filho Gorka Villar e outros dois dirigentes do futebol. Depois de pagar a fiança, ele foi liberado. Mas, sem ver sinais de que o cartola estava disposto a abandonar o cargo, o governo espanhol o suspendeu e o afastou.
O pedido para que Villar renuncie será provavelmente entregue em 6 de setembro, em uma nova reunião das autoridades esportivas. Se o dirigente recusar a sugestão, segundo Lete, o conselho vai propor uma moção até novembro para expulsá-lo.
Juan Luis Larrea, presidente interino da RFEF, explicou que pretende levar pessoalmente o pedido. Ele tem sido o principal interlocutor entre as partes desde que Villar foi preso no final de julho. “Diria que, antes de novembro, antes de uma hipotética moção de censura, ele apresentaria a demissão ou nos daria os argumentos do que deveríamos mudar, mas acho que não vai fazer isto”, pontuou Larrea. “A decisão que ele precisa tomar me parece clara, mas a moção seria pior para o futebol.”
Os documentos da “Operação Soule” indicam que, além de desviar fundos, Villar supostamente corrompeu várias federações regionais, oferecendo favores em troca de votos. Ele foi acusado de administração desleal, peculato, corrupção e falsificação de documentos.
O escândalo teve repercussões para além das fronteiras da Espanha. Além do seu importante papel na Fifa, Villar era vice-presidente da Uefa e estava no coração de ambos os órgãos desde a década de 1990. Ele trabalhou perto de dirigentes que já foram indiciados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos e foi apontado em relatório como tendo conduta questionável no processo de definição de sedes da Copa do Mundo. Ao ser preso, contudo, ele renunciou aos seus cargos na Fifa e na Uefa.