A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia, propôs nesta terça-feira, 19, um novo fundo de 500 milhões de euros (cerca de R$ 2,7 bilhões) para a compra conjunta de armas para repor os estoques reduzidos pelo apoio enviado à Ucrânia. Segundo comunicado, a intenção é evitar uma concorrência entre os Estados membros pelos mesmos produtos.
Os países do bloco participaram de uma campanha massiva de ajuda militar para a Ucrânia e querem agora reabastecer rapidamente seus próprios suprimentos. A Comissão Europeia espera ter o sistema de aquisição conjunta em funcionamento até ao final do ano.
"Os Estados-membros usaram suas reservas de munições, artilharia leve e pesada, sistemas de defesa antiaérea e antitanque, ou mesmo veículos blindados e tanques. Isso criou uma vulnerabilidade que agora precisa ser urgentemente abordada", explicou o comissário europeu Thierry Breton, em coletiva da imprensa.
O Executivo europeu indicou que dará prioridade à compra de mísseis aéreos portáteis, mísseis antitanque portáteis, canhões de 155 mm e suas munições. "Temos que agir rapidamente, dado o estado dos estoques nacionais", sublinhou Breton.
Mas os Estados-membros conservam total liberdade para suas compras, afirmou. "A comissão ou a UE na verdade não comprarão armamento. O orçamento da UE é usado apenas para impulsionar os Estados-membros a cooperar", destacou o comissário europeu. "Isso permitirá gastar melhor o dinheiro público e fortalecer nossa base industrial europeia".
A ideia, segundo o representante, é complementar o Fundo Europeu de Defesa, que aposta na pesquisa e desenvolvimento e está dotado de 8 bilhões de euros para o período 2021 a 2027. O novo instrumento contará com os 500 milhões de euros disponíveis por dois anos, do período de 2023 a 2024, mas que poderá ser estendido.
"A Europa está há vinte anos desarmada em comparação com os outros continentes. Em relação aos Estados Unidos, Rússia, Índia e China, somos o único continente que reduziu os investimentos", recordou o comissário.
Os Estados-membros da UE se comprometeram a dedicar 2% de seu PIB aos gastos em defesa, mas apenas sete deles – Grécia, Polônia, Lituânia, Estônia, Letônia, Croácia e Eslováquia – alcançaram este objetivo em 2022. A França dedicou 1,90%, Itália 1,54%, Alemanha 1,44% e Espanha é a penúltima da lista, com 1,01%.
Há vinte anos, o déficit coletivo acumulado em relação a este objetivo de 2% atingiu os 1,3 bilhão de euros "e é perceptível na nossa arrecadação", salientou Breton.
<b>Negociações com Albânia e Macedônia do Norte</b>
Ao mesmo tempo, a União Europeia iniciou as negociações de adesão com a Albânia e a Macedônia do Norte, um passo há muito adiado no caminho das nações balcânicas para a adesão ao bloco, que ganhou força em meio à guerra na Ucrânia. Oficialmente, o processo teve início com a apresentação dos marcos de negociação, que permitem à sede do bloco avaliar a preparação de cada país para assumir todas as leis, normas e regulamentos da UE.
A medida ocorre em um momento crucial para a UE, que em junho tornou a Ucrânia e a vizinha Moldávia candidatas à adesão, embora as nações dos Balcãs Ocidentais tenham sido mantidas esperando na fila por um longo tempo. A Macedônia do Norte e a Albânia se tornaram candidatos à UE há 19 anos, mas suas negociações de adesão nunca começaram.
"Este não é o começo do fim, é apenas o fim do começo", disse o primeiro-ministro albanês Edi Rama. "Precisamos disso para continuar a construir uma Albânia europeia forte e democrática e uma Albânia forte, democrática, ocidental e aberta."
Qualquer expansão além dos 27 membros atuais da UE provavelmente ainda levará anos. Apesar do atraso, as nações dos Balcãs Ocidentais mantiveram sua ambição de se tornar parte do bloco comercial mais importante do mundo e pressionaram pelo progresso.
Especialmente para a Macedônia do Norte, os últimos anos têm sido difíceis. Disputas com a Grécia e depois com a Bulgária impediram que a candidatura do país avançasse porque qualquer movimento da UE para adicionar novos membros exige um acordo unânime dos já existentes.
Foi apenas na semana passada que o parlamento da Macedônia do Norte aprovou um acordo superando as objeções da Bulgária e abriu caminho para o início das negociações, a Bulgária havia atrasado qualquer progresso nas negociações de adesão, acusando o governo da Macedônia do Norte de desrespeitar os laços culturais, linguísticos e históricos compartilhados. (Com agências internacionais).