Comitê de ética da Fifa decide arquivar investigação sobre Infantino

O comitê de ética da Fifa decidiu nesta quarta-feira que o presidente Gianni Infantino está liberado para continuar no cargo enquanto estiver sob investigação criminal na Suíça. O comitê da entidade concluiu as investigações preliminares e arquivou o caso, mas o dirigente ainda é alvo de um processo penal na Justiça.

Foram encerradas as investigações preliminares sobre a conduta de Infantino – relacionadas a seus encontros não revelados com o procurador-geral suíço Michael Lauber e a realização de um voo particular a serviço da Fifa do Caribe para Genebra.

Em um comunicado oficial divulgado pela Fifa, a presidente do comitê de ética do órgão, Maria Claudia Rojas, observou que não há elementos que sustentem o prosseguimento da investigação.

"Após examinar a documentação e as evidências pertinentes, a presidente da câmara de investigação decidiu protocolar a denúncia e encerrar o caso devido à evidente falta de um caso prima facie sobre qualquer alegada violação ao Código de Ética da Fifa", diz o comunicado.

Rojas decidiu que nem mesmo uma suspensão provisória era necessária. A decisão foi publicada apenas três semanas depois que um processo criminal foi aberto contra Infantino por um promotor especial suíço. Ele avaliou várias reclamações sobre as reuniões do líder da Fifa em 2016 e 2017 com o procurador-geral, Michael Lauber.

A ação na Justiça da Suíça investiga o presidente da Fifa por possível abuso de autoridade, violação do sigilo de função e obstrução da ação criminal.

Ainda assim, a decisão do comitê de ética era esperada em razão da defesa robusta do órgão feita em relação a seu presidente e às vezes mostrando irritação nas últimas semanas. Infantino foi liberado da auditoria horas depois que a entidade publicou a agenda de seu congresso remoto que ele presidirá virtualmente em Zurique, na Suíça, no dia 18 de setembro.

Nesta quarta, uma comissão parlamentar suíça também confirmou que Lauber deixará seu cargo na procuradoria em 31 de agosto. Ele ofereceu sua renúncia no mês passado, depois que uma sanção disciplinar não foi anulada em um recurso.

Lauber supervisionou, e mais tarde foi rejeitado, uma extensa investigação de suposta corrupção conectando a Fifa a autoridades do futebol do mais alto escalão desde 2014, escândalo conhecido como Fifagate. Ainda não houve nenhuma condenação e poucas acusações na Suíça. Enquanto isso, dezenas de dirigentes foram condenados, confessaram sua culpa ou foram indiciados pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

Duas reuniões entre Lauber e Infantino em 2016 foram reveladas mais de dois anos depois em documentos confidenciais vazados por uma revista alemã. Uma terceira reunião em 2017 permaneceu secreta até a mídia suíça relatar vários meses depois os vazamentos.

A falta de franqueza de Lauber sobre essas reuniões e seu conteúdo levou à sua demissão. A Fifa disse que o promotor especial, Stefan Keller, nomeado para examinar as denúncias, escreveu a Infantino dizendo que não pode "excluir a possibilidade de que algo criminoso possa ter sido discutido do qual você não consegue se lembrar". Infantino negou todas as irregularidades e chamou as investigações de "absurdas".

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