O Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês) anunciou nesta sexta-feira que revogará a suspensão aplicada aos paratletas da Rússia, penalizados por causa do envolvimento do país em um grande escândalo de doping, mediante certas condições a serem cumpridas pelo Comitê Paralímpico da Rússia (RPC). Inicialmente, a pena está retirada apenas até o próximo dia 15 de março, e até lá a entidade russa precisará atender às exigências do IPC.
Por meio de um comunicado divulgado em seu site oficial, o IPC informou que a decisão foi tomada pelo seu Conselho Diretor depois que o comitê russo “cumpriu um período de suspensão de 29 meses e cumpriu 69 dos 70 critérios de reativação originalmente delineados pelo IPC em novembro de 2016 (após a aplicação da punição)”.
O órgão internacional revelou que um grupo de trabalho nomeado para avaliar os progressos do RPC em seu objetivo de atender às exigências para se livrar da suspensão foram bons. “Vinte e nove meses depois, o Conselho Diretor do IPC acredita firmemente que manter o RPC suspenso não é mais necessário e proporcional à situação que vemos hoje na Rússia”, afirmou o brasileiro Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional.
De acordo com o IPC, a única condição de reintegração que não foi cumprida pelo Comitê Paralímpico da Rússia é “uma resposta oficial que aborde adequadamente as conclusões do professor McLaren”. No caso, a entidade se refere a um relatório solicitado pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) ao advogado canadense Richard McLaren, que em 2016 revelou indícios de um esquema de doping patrocinado pelo governo russo em vários esportes e que, entre outros objetivos, visou beneficiar atletas e paratletas nos Jogos de Inverno de 2014, realizados na cidade russa de Sochi.
Este relatório provocou a suspensão do RPC, sendo que paratletas russos acabaram sendo impedidos de disputar os Jogos Paralímpicos do Rio, em 2016, assim como o atletismo da Rússia ficou fora da Olimpíada disputada na capital fluminense.
E agora o IPC informou que “entre agora e a data em que a suspensão do RPC está formalmente suspensa (15 de março), publicará os critérios de pós-restabelecimento, identificando os principais requisitos de alto nível que o RPC deve continuar a cumprir para manter sua restituição condicional de associação ao IPC”.
Entre estas exigências, o Comitê Paralímpico Internacional enumerou os seguintes itens a serem cumpridos: implementar um robusto programa de testes de atletas russos paraenses sob a supervisão da Wada; lançamento de um novo programa de educação antidoping destinado aos paratletas e treinadores; reformas de governança que significam que nenhum funcionário do governo pode ser nomeado para qualquer papel dentro do RPC; introdução de uma nova linha telefônica para denúncias, na qual os atletas, treinadores e dirigentes paralímpicos podem relatar quaisquer suspeitas que tenham em relação ao antidoping; atualização e finalização de suas regras antidoping; reintegração da Rusada (Agência Antidoping da Rússia) pela Wada; pagamento ao IPC por reembolsos relacionados à sua suspensão e testes adicionais de paratletas russos.
Após a decisão anunciada pelo IPC, o governo russo saudou o órgão internacional pela revogação da suspensão do RPC. “Esperamos que nossas autoridades esportivas consigam transformar essa página trabalhando de forma construtiva e transparente”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Já o Comitê Paralímpico Russo também festejou a anulação da pena e disse que considerou as condições do IPC para manter esta retirada da suspensão como “aceitáveis”.