Estadão

Commodities e notícias corporativas estimulam alta do Ibovespa, que defende os 123 mil pontos

A valorização das commodities e o noticiário corporativo sustentam alta do Ibovespa nesta quinta-feira, a despeito da indefinição dos índices das bolsas norte-americanas. Nesta quinta, foi divulgada a leitura final do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA e do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) trimestral.

O PIB dos Estados Unidos cresceu ao ritmo anualizado de 1,4% no primeiro trimestre de 2024. O resultado ficou acima da estimativa anterior e também da previsão de analistas, de alta de 1,3% em ambos os casos. Já o PCE subiu à taxa anualizada de 3,4% no primeiro trimestre. Já os pedidos de auxílio-desemprego ficaram perto do esperado na semana.

"O PIB veio só um pouco acima, meio em linha. Talvez isso justifique uma queda dos juros americanos só em setembro", diz Kevin Oliveira, sócio e advisor da Blue3.

Contudo, a maior expectativa é pelo PCE de maio, medida de inflação preferida do Federal Reserve (Fed) que sairá amanhã.

Segundo Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, o PIB um pouco mais forte só reforça a expectativa pela divulgação do PCE mensal. "Fica ainda mais dependente do dado de amanhã. Se vier mais forte, o mercado vai reagir e fazer nova precificação de que não haverá cortes dos juros nos EUA neste ano", analisa.

Aqui no Brasil, os investidores e especialistas se debruçam no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado às 8h30, após a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) reforçar que a Selic seguirá em 10,50% por algum tempo.

No RTI, o Banco Central (BC) elevou sua projeção para o PIB desde ano, de alta de 1,9% para 2,3%, e divulgou suas estimativas para o hiato do produto. A avaliação do BC é de que o hiato passou de valores levemente negativos para valores em torno da neutralidade. Agora fica a expectativa pelas entrevistas do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e do diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, sobre RTI, em São Paulo.

Para Oliveira, da Blue3, o RTI não influencia tanto o mercado, mas reforça o sinal de cautela do BC. "Vimos hoje que a confiança de serviços da Fundação Getulio Vargas (FGV) teve leve queda em junho e o IGP-M fechou este mês com alta, contra deflação em junho de 2024. Ao mesmo tempo, vimos no RTI aumento no total do estoque do crédito. Ou seja, tudo isso tende a gerar mais inflação. Isso sim tende a fazer preço", afirma.

Ainda hoje será divulgado o Caged de maio, à tarde, e mais cedo saiu o IGP-M, com alta de 0,81% em junho, ante 0,89% em maio. O resultado veio abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de 0,85%.

Ontem, o Ibovespa fechou em alta de 0,25%, aos 122.641,30 pontos, após cair à mínima na faixa dos 121 mil pontos, em meio a questionamentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto à necessidade de cortar gastos. No dólar, o mau humor vigorou até o fechamento, motivado ainda pelas preocupações externas. A moeda encerrou valendo R$ 5,5194 (+1,19%), maior nível desde 18 de janeiro de 2022.

Às 10h50, o Ibovespa subia 0,81%, aos 123.631,93 pontos, após elevação de 0,92%, com máxima aos 123.765,86 pontos e abertura aos 122.642,10 pontos, com variação zero. Petrobras avançava entre 1,24% (PN) e 1,48%, seguindo o petróleo e após elevação de recomendação do BofA. Suzano ON tinha a maior elevação da carteira, ao subir 12,89%, após a empresa ter anunciado ontem que desistiu de comprar a Internacional Papel.

A despeito da alta de 1,24% do minério de ferro no fechamento hoje na Bolsa em Dalian, na China, as ações da Vale cediam 0,64%, limitando os ganhos do Ibovespa, assim como a fraqueza das bolsas norte-americanas.

Posso ajudar?