Sinais divergentes dos mercados de ações internacionais – Europa cai e Nova York americanos sobe – limitam o Ibovespa de avançar com força pela elevação do petróleo e expectativa pela assembleia para eleição do conselho da Petrobras. Na terça, o Comitê de Pessoas validou a indicação de José Mauro Ferreira Coelho, como membro do conselho de administração e para a presidência da estatal.
"A assembleia leva um pouco mais de otimismo, dado que o presidente tem uma postura alinhada com a política de preços da estatal. Não é um nome novo dentro da companhia, dentro do status quo da empresa, sem interferência política", avalia Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3
Apesar da queda do minério de ferro na China e dados mais fracos que o esperado de importação do gigante asiático em março, ações ligadas ao setor metálico sobem, em meio a renovadas preocupações com a guerra na Ucrânia, que parece distante de um acordo de paz com a Rússia.
"Temos um cenário de muita volatilidade, mas o cenário de commodities beneficia o Ibovespa, diante da falta de uma solução para a crise no Leste Europeu. Vimos o presidente Vladimir Putin , da Rússia, adotando um tom mais agressivo, bem como os Estados Unidos, o que gera mais inquietação nos investidores pressiona commodities", diz Esteves.
Ontem, o Ibovespa fechou em baixa de 0,69%, aos 116.146,86 pontos.
Às 11h18, subia 0,36%, aos 116.561 pontos, ante máxima diária aos 116.969,83 pontos (alta de 0,71%). "Depois do almoço pode ser que o índice acelere após o vencimento, basicamente por posicionamento dos preços para os vencimentos seguintes", avalia Edmar de Oliveira, operador da mesa de renda variável da One Investimentos.
"Segue em tendência de alta e as quedas desses últimos dias ainda com características de correção. O candle direção de ontem deu continuidade a correção e sinalizou que será mais profunda, e acredito que possa testar região de topo anterior em 115.000 pontos. Enquanto estiver acima desse suporte de 115.000 pontos, ainda podemos considerar como correção da alta anterior", avalia em nota Pam Semezzato, analista de investimentos da Clear Corretora.
Há pouco, saiu o índice de preços ao produtor (PPI) americano de março, que subiu 1,4% em março ante fevereiro, na comparação com previsão de 1,1%. O dado reforça expectativas de que o Fed irá acelerar o ritmo de alta dos juros. O indicador vem depois do CPI, informado ontem. A taxa de inflação ao consumidor saltou 8,5% nos 12 meses, o maior ganho anual desde 1981 "e é provável que tenha atingido seu pico", observa em nota a XP Investimentos.
Em contrapartida, os resultados melhores do que esperado das vendas varejistas no Brasil em fevereiro são vistos com bons olhos, porém de forma moderada, em meio a expectativas de uma taxa de juros mais elevada por mais tempo do que o nível de 12,75% estimado para o Copom de maio.
O IBGE informou crescimento nas vendas do varejo de 1,1% (restrito; mediana de 0,2%) e de 2,0% (ampliado; mediana de 1,1%), números que ficaram melhores do que o esperado pelo mercado. "O varejo surpreende e avança mais uma vez em 2022", escreve em nota o economista-chefe da Necton, André Perfeito.
"Os dados em perspectiva ainda são ruins, não há um avanço significativo da série", pondera. "A economia segue lutando para sair da letargia, mas se tratando de dados de fevereiro quando ainda não estavam claros todos os efeitos do conflito no Leste Europeu, sugerimos cautela com os dados", acrescenta Perfeito.
"Dá uma sensação de que o quadro está melhor, mas é cedo para esperar que melhore consideravelmente o humor do mercado", avalia Edmar de Oliveira, operador da mesa de renda variável da One Investimentos, que faz ponderações. "Há incerteza quanto a março e abril", afirma Edmar Oliveira, da One Investimentos.
Petrobras subia quase 2%, enquanto Vale avançava 0,41%. Do setor de consumo, Americanas ON ocupava a lista das oito maiores altas do Ibovespa, avançando 2,51%.