Estadão

Como Kamala Harris se posiciona em temas como aborto, imigração e economia?

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, já garantiu a quantidade de delegados para ser nomeada candidata do Partido Democrata na corrida presidencial de 2024. Apesar da iminente nomeação, as posições de Harris sobre temas importantes para o país ainda não estão claras.

Harris começou a carreira como promotora distrital em São Francisco, na Califórnia em 2003. Foi eleita procuradora-geral do Estado em 2011 e senadora pela Califórnia em 2017. Harris participou das primárias democratas para a eleição presidencial em 2020, mas desistiu por falta de apoio. Após Joe Biden garantir a nomeação do partido, ele a escolheu como companheira de chapa. Desde então, a vice-presidente tem defendido as ideias de Biden na presidência, mas após o mandatário americano desistir de participar do pleito, uma busca pelas posições de Harris assumiu os holofotes.

Confira as ideias de Kamala Harris sobre cinco temas-chave para os Estados Unidos:

Política externa

A vice-presidente americana representou Biden em diversos encontros com líderes internacionais, incluindo o Fórum pela Paz na Ucrânia, que foi organizado pela Suíça. Caso a democrata seja eleita, o apoio a Kiev não deve mudar.

Harris divergiu de Biden em relação a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, pedindo um cessar-fogo no enclave palestino em março para reduzir o "imenso sofrimento dos palestinos". Já Biden adotou uma posição de mais apoio a Israel ao longo de sua carreira política, apesar de atritos com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, durante a guerra.

Economia

A vice-presidente tem posições parecidas com Biden em relação à economia. O governo Biden ressaltou desde o início do mandato que uma de suas principais prioridades era reduzir os altos preços nos Estados Unidos após a pandemia. Harris ressaltou que tem como objetivo a redução da inflação e reduzir o preço da gasolina.

A política também apoiou a legislação proposta por Biden para impulsionar o investimento em infraestrutura e acelerar a transição para energia limpa. A vice-presidente também mencionou que quer reduzir os preços da educação infantil e aumentar a ajuda financeira a idosos.

Em relação ao comércio, Harris criticou a proposta do ex-presidente Donald Trump, que prometeu impor mais tarifas, argumentando que esta proposta prejudicaria os consumidores. Ela já ressaltou não ter posições protecionistas, mas se opôs a acordos de livre-comércio no passado.

Aborto

Harris sempre foi uma defensora da legalização do aborto. Após a Suprema Corte americana anular o precedente histórico de Roe vs Wade que garantia o direito ao aborto para todas as mulheres até 2022, ela se tornou a principal liderança do governo Biden sobre o assunto e pressionou o Congresso para que uma lei que garantisse estes direitos para as mulheres ao redor dos EUA fosse aprovada.

O tema aborto contribuiu para uma boa eleição de meio de mandato para os democratas em 2022 e pode fazer a diferença novamente para Harris.

Segurança

A vice-presidente teve uma longa carreira como promotora na Califórnia antes de ser eleita senadora e ganhou uma fama de ser "linha-dura", atraindo questionamentos de progressistas durante a sua campanha presidencial nas primárias democratas em 2020.

Como senadora, Harris defendeu a legalização da maconha e uma reforma no sistema de Justiça. A democrata também defendeu políticas para diminuir o número de pessoas encarceradas por crimes não-violentos.

Após a morte de George Floyd em 2020 e os protestos por justiça racial que mudaram o pleito americano de 2020, Harris contribuiu para aprovar uma legislação que facilitou o indiciamento de policiais por má conduta.

Imigração

O tema imigração pode se tornar uma das principais vulnerabilidades para a campanha de Harris. A vice-presidente se envolveu ativamente com questões relacionadas à fronteira e Trump deve buscar uma associação entre a democrata e a entrada massiva de imigrantes nos EUA via México.

A vice-presidente apoiou a legislação bipartidária que poderia ter reforçado a segurança na fronteira americana, mas a lei não foi aprovada por conta da oposição de Trump, que não queria que Biden ganhasse capital político com a medida.

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