Como você foi ou é avaliado na sua vida estudantil?
Imagino que seja algo parecido com isso: você é colocado em uma sala com outros estudantes e deve obedecer algumas regras. Não converse com seu colega, a prova é individual; não olhe para os lados; não é permitido nenhum tipo de consulta de informações; o procedimento que você deve adotar para resolver a questão é determinado e simples; você será avaliado pelo resultado das suas respostas.
E na sua vida profissional como você é avaliado?
Em geral, lhe é dada uma tarefa ou missão – individual ou para sua equipe. Em seguida vem o incentivo para que você interaja e se comunique com seus colegas; que você vá atrás de novas informações e conteúdos; o procedimento que você deve adotar em geral é desconhecido e complexo; você é avaliado pela forma como você chegou a um resultado já definido.
Consegue ver a ironia? Por que não avaliamos os estudantes da mesma forma como eles serão avaliados na vida? Qual é o objetivo de uma avaliação que não afere se estes estão prontos para atuarem no mercado?
A base desse problema está na própria utilidade da nossa avaliação. Como definição, o objetivo de uma avaliação é aferir se um estudante realmente aprendeu um determinado conteúdo ou adquiriu alguma competência, mas com o tempo a avaliação passou a ser somente uma forma de julgar o aluno como apto ou não para seguir no processo educacional, isto é, dar uma nota para o aluno. Assim sendo, com essa mudança de foco, nós passamos a formular avaliações que aferem a qualidade do aluno, mas não a qualidade do aprendizado deste; a capacidade de retenção de informação, mas não a capacidade crítica ou competências adquiridas.
Para avaliarmos de forma mais eficaz é preciso rever a forma como formatamos o próprio plano de ensino. Precisamos começar definindo objetivos claros de aprendizado, que são basicamente frases em que escolhemos se queremos que o aluno seja capaz de lembrar, entender, aplicar, analisar, avaliar ou criar a partir dos ensinamentos. Logo após isso, vem a avaliação, que basicamente responde à seguinte questão: “Qual é a melhor forma de aferir se meu aluno atingiu esse objetivo de aprendizado?”. O roteiro de ensino (as atividades pedagógicas que serão desenvolvidas em sala de aula), então, deve ser elaborado de forma a somente garantir que o aluno seja capaz de ter sucesso na avaliação.
É assim que se pensa um ensino mais estratégico, focado no aprendizado do aluno e, acima de tudo, voltado a capacitar alunos para ter sucesso na vida.