Opinião

Como sempre, corporativismo deve prevalecer na Câmara

Na semana que vem, os vereadores de Guarulhos se reúnem para escolher o sucessor de Alan Neto na presidência da Câmara Municipal. O eleito deve ser ninguém menos do que Eduardo Soltur (PV), que já costurou junto à maioria dos colegas o apoio necessário para vencer a disputa que será contra o petista Edmilson Souza. O nome do PT, apesar de ter o apoio do governo municipal, não conseguiu emplacar justamente pelo fato de Soltur ter montado um esquema que agrega diferentes interesses.


Apesar de não ter nenhum nome do PT na Mesa Diretora e nas presidências de importantes comissões, ele próprio é a garantia de manter o Legislativo à disposição do Executivo, como ocorria nos bons tempos do ex-prefeito Elói Pietá (PT), quando a Câmara se tornou uma extensão do Bom Clima, apenas para dar legitimidade às ações da Prefeitura.  


E por que Soltur, apesar de integrar um partido de oposição na cidade, responsável – durante muito tempo – por bater de frente com os interesses do PT, é a maior garantia do prefeito Sebastião Almeida de que a Câmara estará a serviço do Executivo? Simples. O próximo presidente da Casa, conforme revelou reportagem publicada pelo Guarulhos Hoje na semana passada, por meio de empresa que está no nome da mulher dele, mantém contratos que superam os R$ 12,5 milhões com a administração municipal.


Alguém, em sã consciência, acredita que um presidente da Câmara iria se arriscar a perder qualquer um desses contratos de prestação de serviços na área de locação de veículo, obtidos por meio de licitações, ao – por exemplo – colocar em votação um pedido de afastamento do prefeito? Em tese, não. Mas há sim muita gente que entende que esses contratos não servem para atrapalhar as relações independentes entre Legislativo e Executivo. Justamente a maioria de vereadores que vão eleger Soltur presidente. Sim, os representantes da população, conforme reportagem publicada hoje, entendem que não existe problema algum no fato da mulher do vereador manter contratos milionários com a Prefeitura, em um direito que lhes assiste.


Desta forma, prevalece algo mais do que comum nas diferentes casas de lei brasileiras: o corporativismo. Os vereadores, em sua maioria, convencidos – seja lá de que forma for – por Soltur de suas boas intenções, não pensarão duas vezes em conduzi-lo à presidência da Casa. Afinal, eles têm palavra. E precisam honrar com os compromissos firmados durante as boas e rentáveis conversas que mantiveram com o candidato.


Por tudo isso, na próxima semana Eduardo Soltur deve ganhar o direito de, no início do próximo ano, substituir Alan Neto e colocar seu nome no rol dos presidentes da Câmara Municipal de Guarulhos. Talvez, com muita sorte, não tenha a mesma sorte de seus últimos antecessores. Não é demais lembrar que, com exceção de Ulisses Correia, mesmo que a trancos e barrancos, conseguiu se reeleger. Os demais, todos, naufragaram

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