Estadão

Como um projeto de hospitais de ponta ajudou a salvar mais de 11 mil pacientes no SUS

Uma iniciativa inédita envolvendo alguns dos hospitais mais conceituados do País está ajudando a melhorar os serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e a salvar vidas. O programa Saúde em Nossas Mãos já conseguiu evitar 11.243 casos de infecção hospitalar e salvar mais de 4 mil pessoas desde que foi criado, há cinco anos, segundo levantamento inédito divulgado esta semana.

A iniciativa é do Ministério da Saúde em parceria com os hospitais Alemão Oswaldo Cruz, Beneficência Portuguesa de São Paulo, HCor, Albert Einstein, Moinhos de Vento e Sírio-Libanês, todos eles com acreditação internacional. Profissionais desses hospitais treinam colegas em mais de 300 Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do SUS nas melhores práticas para combater a infecção hospitalar – um dos maiores problemas nas unidades fechadas.

"Quando estamos tratando de doentes muito graves, nada é simples: manejar um respirador, trocar um cateter, mexer no paciente, tudo tem risco muito alto", explicou o CEO do HCor, Fernando Torelly, representante dos hospitais junto ao programa do SUS. "Nós vamos aos hospitais, fazemos treinamento das equipes, qualificação, monitoramento de indicadores de infecção hospitalar, ajudamos a implementar os protocolos dos nossos hospitais, isso passa por higiene da equipe, manuseio do paciente, entre outras coisas. Com isso, estamos atingindo um padrão ouro, equivalente aos dos melhores hospitais do mundo, com baixo número de infecções."

Em cinco anos, o projeto gerou uma economia de R$ 548 milhões aos cofres públicos, segundo o Ministério da Saúde. Somente nos últimos 18 meses, foram 3.764 casos de infecção evitadas, 1.434 vidas salvas e uma economia de R$ 230.500.178. Segundo os dados do programa, para cada R$ 1,00 investido, o projeto gera uma economia de R$ 4,14 ao SUS. E estes resultados podem ser ainda mais impactantes, visto que o ciclo atual se encerra em dezembro deste ano. A longo prazo, a expectativa é contribuir com a mudança da cultura das organizações de saúde com relação à segurança do paciente.

"Um paciente quando tem uma infecção hospitalar, ele fica mais tempo internado, gasta mais dinheiro público", explicou Torelly. "Além disso, ele ocupa um leito que poderia estar sendo usado por um outro paciente."

O dinheiro para a implementação dos treinamentos vem da isenção fiscal oferecida aos hospitais pelo governo. Em vez de pagar determinados impostos, eles podem optar por investir em alguns programas. No caso do HCor, por exemplo, o montante é de R$ 60 milhões, segundo Torelly.

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