O advogado Roberto Teixeira, compadre do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anexou à ação penal sobre supostas propinas da Odebrecht ao petista, na Operação Lava Jato, um e-mail ligado aos aluguéis do apartamento 121, do edifício Hill House, em São Bernardo do Campo (SP). A mensagem, segundo a defesa de Teixeira, foi escrita pelo engenheiro Glaucos da Costamarques, dono do imóvel, e encaminhada pelo contador João Muniz Leite ao compadre de Lula.
“Pesquisando em seu computador, o advogado Roberto Teixeira localizou um e-mail a ele enviado pelo contador João Muniz Leite em 8 de abril de 2014. Por sua vez, o contador se limitou a reencaminhar ao advogado Roberto Teixeira um e-mail por ele recebido de Glaucos da Costamarques, no dia anterior, 7 de abril de 2014”, relatou a defesa.
A força-tarefa da Operação Lava Jato afirma que não houve pagamento de aluguel do apartamento 121 entre fevereiro de 2011 e novembro de 2015. Para o Ministério Público Federal, o imóvel foi adquirido com propinas da empreiteira Odebrecht.
O apartamento, localizado no mesmo andar onde mora Lula, está em nome de Glaucos Costamarques, apontado pelos investigadores como “laranja” do petista. Glaucos é primo distante do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula.
Teixeira lavrou uma ata notarial no 29.º Tabelionato de Notas da Capital de São Paulo e registrou o e-mail. O título da mensagem enviada por Glaucos a Muniz Leite, em 4 de abril, é “aluguel Glaucos”. No dia 8 de abril, o e-mail foi encaminhado pelo contador a Roberto Teixeira.
A mensagem detalhou pagamentos entre 5 de janeiro de 2013 a 5 de dezembro do mesmo ano. Os valores variaram entre “3.660” e “3.950”. Na mensagem, o total indicado é de 46.820.
“O documento tem uma informação clara: Glaucos da Costamarques repassou ao seu contador a informação acerca dos valores de aluguel que recebeu no ano de 2013. E esse profissional, por sua vez, o encaminhou ao requerente, que analisava juridicamente a declaração de imposto de renda da locatária”, relatou a defesa a Moro.
A investigação sobre a autenticidade dos recibos do aluguel que teria sido pago a Glaucos pelo uso do imóvel foi aberta por iniciativa do Ministério Público Federal, por meio de um incidente de falsidade.
Os advogados do ex-presidente rechaçam a suspeita. Eles haviam entregue à Justiça cópias dos recibos de pagamento do aluguel, alguns com datas inexistentes no calendário, como 31 de novembro.