Economia

Comperj pode ter R$ 2,5 bilhões do FI-FGTS

O comitê de investimento do FI-FGTS, o bilionário fundo de investimento em infraestrutura gerido pela Caixa Econômica Federal com recursos dos trabalhadores, autorizou, na quarta-feira, 29, a equipe técnica do banco a estudar o financiamento de até R$ 2,5 bilhões à Petrobrás para as obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

Os 12 membros do órgão – seis representantes do governo, três dos trabalhadores e três dos empregadores – aprovaram o relatório preliminar da operação com a Petrobras. A Caixa iniciará o processo de estruturação do ativo e a estatal precisará comprovar, em diligência técnica, financeira e legal, que conseguirá pagar o financiamento.

O investimento deve ser usado em obras de saneamento e energia de um dos principais empreendimento da história da Petrobrás, erguido em Itaboraí (RJ). A maior parte vai para a construção de um duto, que servirá à exploração do petróleo na camada do pré-sal.

Criado há seis anos, o fundo é o segundo maior agente de crédito para infraestrutura do País, atrás do BNDES, com desembolso médio anual de R$ 3,7 bilhões. O fundo recebeu autorização para liberar até R$ 10 bilhões neste ano, mas aprovou apenas R$ 630 milhões à concessionária CCR.

Para um projeto ser aprovado, são necessários 9 dos 12 votos. Alguns integrantes do comitê usaram a aprovação desse financiamento, favorável ao governo, como “moeda de troca” para garantir o aval em outras operações. No mês passado, a operação foi retirada de pauta a pedido do vice-presidente da Caixa, Fabio Cleto.

Rialma

O comitê também aprovou o relatório preliminar de compra acionária de até R$ 571 milhões na empresa de energia eólica do Grupo Rialma, que pertence a Emival Caiado, primo do senador eleito Ronaldo Caiado (DEM-GO). Se aprovado, o valor corresponderá a 49% da empresa.

O grupo é composto por produtoras independentes de energia elétrica, detentoras de autorizações de operação de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Em 2011, a holding expandiu suas atividades para energia eólica, com parques no Nordeste brasileiro.

Outros três projetos foram retirados de pauta, o que adiou a aplicação de R$ 2,3 bilhões. As análises devem ser retomadas na reunião do próximo mês. Mais uma vez, o comitê postergou a participação de até 20% na empresa de resíduos sólidos Estre Ambiental por R$ 500 milhões. Os recursos devem ser usados para ampliar a capacidade da empresa nas áreas de energia e reciclagem.

O presidente do comitê, Dyogo de Oliveira, secretário executivo adjunto do Ministério da Fazenda, pediu vistas do processo. Ele disse que precisa analisar a situação da Estre, que terá de se desfazer de alguns ativos. A Estre tem como sócios fundos do BTG Pactual e da gestora Angra Infraestrutura e Wilson Quintela Filho. É uma das maiores companhias privadas de coleta e tratamento de lixo no País, mas enfrenta problemas financeiros. O BTG aumentou sua participação na empresa para contornar as dificuldades.

Também segue emperrada a sociedade entre a Queiroz Galvão Energias Renováveis e o FI-FGTS. O Estado apurou que o aporte de até R$ 600 milhões – equivalente a 30% das ações – foi adiado a pedido do próprio governo. A operação já tinha sido aprovada, em dezembro de 2013. Mas, como o desembolso dos recursos para ampliar os parques eólicos não ocorreu nos nove meses seguintes, é preciso um novo aval do órgão.

O pedido de financiamento de até R$ 1,2 bilhão para a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) também segue suspenso. Se aprovado, os recursos devem ser usados para expansão do porto da CSN em Itaguaí (RJ). A retirada do projeto da pauta foi feita por Fabio Cleto, da Caixa, e pelo representante da central UGT, Paulo César Rossi. Todas as empresas foram procuradas pela reportagem, mas nenhuma quis se pronunciar sobre os processos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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