Variedades

Complexo Vera Cruz reabre as cortinas

Um funcionário público está noivo da garota mais linda de Santa Rita do Passa Quatro. Um dia, o circo se instala na cidade e o rapaz fica encarregado de cobrar as taxas municipais. Lá, Zequinha conhece e se apaixona pela amazona Branca. É disso que trata o filme Tico-tico no Fubá, do diretor Adolfo Celi, e também da canção, eternizada na voz de Carmen Miranda. O filme, premiado no Festival de Cannes foi lançado em 1952 pela até então extinta Companhia Cinematográfica Vera Cruz.

A noite da quarta-feira, 5, foi reservada para relembrar e reviver histórias como esta. O motivo é o lançamento do projeto de revitalização do Complexo Vera Cruz, situado na cidade de São Bernardo do Campo.

A responsável pela empreitada, por meio de concessão, será a empresa de infraestrutura, iluminação e cenotecnia Telem. O projeto avaliado em R$ 156 milhões prevê a construção de sete estúdios, um centro cultural, salas de pré e pós-produção, estacionamento, teatro, cinema digital, espaço de convivência e o Memorial da Cia. Vera Cruz, com acervo iconográfico e peças pertencentes ao município. As intervenções nos 45,6 mil m² do complexo vão respeitar as linhas arquitetônicas originais da construção.

As obras serão iniciadas ainda neste mês e vão durar cinco anos. “Após esse período, nós vamos convocar as produtoras e fomentar parcerias na criação de obras audiovisuais, concedendo todos os equipamentos e infraestrutura necessárias”, contou o diretor comercial da Telem, Fernando Fontes. Como parte do contrato, o Centro de Audiovisual (CAV), mantido pelo município, será transferido para o Complexo e passará a ser administrado pela concessionária. O local servirá como incubadora de empresas do setor além de abrigar cursos de formação.

História

Fundado pelo italiano Franco Zampari, também criador do Teatro Brasileiro de Comédia, os estúdios surgiram em 1949 com o apoio de empresários paulistas. O objetivo era produzir em terras brasileiras filmes com o mesmo padrão internacional das indústrias norte-americana e europeia.

Artistas como Tônia Carrero, Cacilda Becker, Paulo Autran e do campeão de bilheteria Mazzaropi passaram pelo Vera Cruz. Em apenas cinco anos de existência, os estúdios produziram mais de 20 longas e documentários, entre eles O Cangaceiro, de Lima Barreto, e Caiçara, de Adolfo Celi, e Sinhá Moça, de Tom Payne.

Com dificuldades financeiras e problemas de administração, o estúdio encerrou suas atividades em 1972. “Os filmes de Mazzaropi, bem como as demais produções do estúdio, representaram todo o potencial do Brasil na mercado audiovisual. A história do Vera Cruz provou isso. Agora, precisamos de projetos que garantam certo continuísmo como principal característica”, defendeu, durante o evento, o diretor-presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Manoel Rangel. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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