A compra da bandeira Ale pelos postos Ipiranga vai aumentar a concentração do mercado de combustíveis e poderá resultar em elevação de preço, segundo a Superintendência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O parecer diz que a operação praticamente acabaria com a competição na distribuição em 11 Estados e encerraria “qualquer perspectiva de entrada relevante de uma nova rival efetiva no mercado”. A decisão sobre eventuais barreiras ao negócio, no entanto, cabe ao plenário do órgão.
O acordo, anunciado em junho de 2016, prevê que a Ipiranga, vice-líder do setor, compre por R$ 2,17 bilhões a Ale, número quatro do setor, e assuma 2 mil postos em 22 Estados. “A operação é preocupante. Se aprovada, Ipiranga, Raízen (dona da Shell) e BR Distribuidora estarão em zona confortável para induzir ou impor a coordenação sobre centenas de mercados relevantes de revenda”.
Opções. A avaliação foi feita com base na premissa de que apenas distribuidoras nacionais conseguem competir efetivamente. Para o Cade, há quatro empresas com poder de mercado: BR Distribuidora, Ipiranga, Shell e Ale. “A operação resultaria na redução do número de quatro para três em um ambiente de mercado já concentrado.”
Em casos em de concentração, a Superintendência do Cade pode sugerir alternativas para amenizar o problema. O parecer, porém, cita que “à primeira vista” não parece haver espaço para esse tipo de medida.
Procurado, o grupo Ultra, dono da marca Ipiranga, informou “que seguirá buscando a aprovação da operação junto ao Tribunal do Cade, conforme os trâmites previstos em lei”. O grupo Alesat disse que estar “disponível para atender os esclarecimentos que se fizerem necessários para afastar as preocupações concorrenciais”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.