Economia

Compra de bônus da Venezuela pelo Goldman não foi avalizada por altos executivos

Uma pequena corretora telefonou para o Goldman Sachs Asset Management na semana passada e ofereceu US$ 2,8 bilhões em bônus com um forte desconto da Venezuela e ouviu como resposta um rápido “sim”, segundo pessoas ligadas ao assunto. Internamente, a compra não parece ter passado por grande escrutínio, de acordo com o relato das fontes.

Os dois codiretores da unidade, GSAM, foram informados apenas após a operação ter sido concluída, segundo as fontes. O negócio não chegou ao comitê de padrões do Goldman, que geralmente veta acordos que podem acarretar revezes futuros, acrescentaram as pessoas ouvidas.

As fortes críticas à operação – que segundo alguns dá um bote salva-vidas para o governo da Venezuela em dificuldades – pegou altos executivos do banco de guarda baixa, segundo as fontes. Em parte, pelo motivo de o gerenciamento de ativos ser visto como um negócio dinâmico, sem espaço para controvérsias. No passado, os problemas do Goldman em geral envolveram complexas operações financeiras envolvendo seus negócios de operação ou bancários.

O episódio na Venezuela mostra como a prioridade do negócio de gerenciamento de ativos – fazer dinheiro para os investidores de seu fundo – pode entrar em contradição com a tentativa do Goldman após a última crise de ter um olho em sua reputação. “Como poderia criticar um gerente de ativos por comprar algo tão barato? Isso é o que eles fazem”, afirmou Diego Arria, ex-prefeito de Caracas e ex-embaixador da Venezuela na Organização das Nações Unidas. “Mas a percepção é terrível.”

Em comunicado nesta semana, o Goldman disse: “Nós reconhecemos que a situação é complexa e está se transformando e que a Venezuela está em crise. Concordamos que a vida lá precisa ser melhor e fazemos o investimento em parte porque acreditamos que será.”

No caso da Venezuela, os gerentes de portfólio do banco que se concentram em dívida de mercados emergentes buscavam ativamente comprar os bônus do país, com grandes descontos. Eles acreditavam que o presidente Nicolás Maduro acabaria por ser deposto e que os ativos teriam uma recuperação, segundo as fontes.

A transação, porém, foi alvo de críticas públicas, já que os bônus estavam com o banco central, portanto o Goldman injetou dinheiro no governo Maduro. Enquanto isso, a economia venezuelana está em queda livre, com protestos nas ruas e falta de alimentos. Fonte: Dow Jones Newswires.

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