Não foi a injeção de US$ 2 bilhões de recursos nesta quarta-feira, 3, pelo Banco Central que ajudou a conter a disparada do dólar, que bateu em R$ 5,77, mas a notícia de que o governo federal fechou a compra de lotes de 100 milhões da vacina da Pfizer e da Janssen. Em poucos minutos, em virada surpreendente, o dólar zerou a alta e saiu da casa dos R$ 5,75 para R$ 5,63, nas mínimas do dia. Declarações do presidente da Câmara, Arthur Lira, quase em paralelo ao anúncio das vacinas, prometendo respeitar o teto de gastos também tiveram peso importante na melhora do câmbio.
No fechamento de hoje, o dólar encerrou perto da estabilidade, em leve queda de 0,03%, a R$ 5,6643. No mercado futuro, o dólar para abril caiu 1,12%, cotado em R$ 5,6235.
"Tudo vai depender de vacina, vacina é fundamental. Se a gente conseguir ter uma quantidade suficiente de vacina até o primeiro semestre, pode dar uma acelerada no segundo semestre e ter um crescimento maior, caso contrário, pode ter crescimento menor", comentou o economista-chefe da Genial Investimentos, José Marcio Camargo, em live nesta tarde. A projeção do economista é de crescimento de 3% em 2021." "Essa segunda onda está sendo muito poderosa", disse Camargo.
Camargo observa, porém, que está havendo falta de vacinas no mundo, com países que compraram e ainda não conseguiram as doses. "Na hora em que os países desenvolvidos conseguirem vacinar a maior parte de sua população, vai sobrar vacina no mundo." Em um horizonte de tempo, isso pode ocorrer no segundo semestre. "O problema do Brasil é conseguir a vacina agora." A dúvida é quando a Pfizer vai disponibilizar estas vacinas do contrato com o Brasil, ressaltou o economista. Do ponto de vista de reativação da atividade econômica, o quanto antes o País tiver as doses, melhor.
"Se a gente conseguir trazer essas 100 milhões de doses, é algo já relevante. Quanto mais rápido a gente andar, traz fôlego maior para a atividade econômica", comentou a sócia-diretora da Tendências Consultoria, Alessandra Ribeiro, na mesma live. "O quadro pandêmico está pior do que se imaginava e as dúvidas em relação ao quadro fiscal estão muito fortes", disse ela, prevendo Produto Interno Bruto (PIB) negativo no primeiro trimestre.
"Estamos vendo o câmbio em outro patamar, em R$ 5,75, o Banco Central tentando brigar, colocando dinheiro no mercado, e claro, é super difícil. Os fatores que estão por trás o BC não consegue mudar", afirma a economista. Em seu cenário, ainda está a manutenção do pilar fiscal no Brasil, com o teto respeitado e sem gastos fora, além da aprovação da PEC Emergencial.
"Tirar o Bolsa Família do teto de gastos seria péssimo", disse Camargo. No final da tarde, o presidente da Câmara dos Deputados afirmou que "são infundadas todas as especulações sobre furar o teto. Tanto o Senado quanto a Câmara votarão as PECs sem nenhum risco ao teto de gastos, sem nenhuma excepcionalidade ao teto."