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Compras internacionais

É impressionante o movimento que temos visto no nosso Aeroporto Internacional de Guarulhos. Sabemos que ele está superado, lotado, sem a devida estrutura para atender a demanda de passageiros.


O brasileiro está viajando mais de avião porque a concorrência entre as empresas aéreas permitiu o acesso a passagens mais baratas. A classe média cresceu e está viajando por todo o país, com sua família. A economia em expansão tem feito os executivos viajarem para fechar mais negócios. Tudo isso congestiona as lentas esteiras de Cumbica!


É também impressionante a quantidade de pessoas que estão viajando para os Estados Unidos. Já é prática comum as viagens de poucos dias, destinadas exclusivamente para compras nos enormes outlets americanos. Atualmente são mais de 150 vôos semanais saindo do Brasil com destino às principais cidades americanas.


Aproveitando o dólar baixo e a possibilidade de comprar produtos de qualidade sem o enorme peso dos impostos que temos aqui, o brasileiro já fez as contas e concluiu que vale a pena pagar a passagem aérea e a estadia. Além dos preços atraentes e as novidades do mundo globalizado, passar alguns dias fazendo compras em locais onde tudo é organizado, limpo, ágil e seguro, é tentador para muitos consumidores.


Diferentemente das viagens dos “sacoleiros” para as compras no vizinho Paraguai, que visam abastecer o comércio informal dos grandes centros metropolitanos, as viagens para Miami e Nova Iorque são para compra de produtos pessoais como aparelhos eletrônicos, roupas, artigos esportivos, brinquedos e perfumes.


Isso é mais uma demonstração de que estamos trilhando um caminho perigoso e preocupante. Os comerciantes brasileiros estão competindo com uma enorme desvantagem. Não é razoável que um produto seja em geral 65% mais caro no Brasil do que o mesmo produto comprado nos Estados Unidos!


Não bastam as campanhas para que o consumidor compre em Guarulhos. É preciso mudar com urgência o sistema tributário, simplificando a forma de arrecadação e diminuindo a carga tributária incidente sobre os produtos e serviços. Caso contrário, em breve não será necessária sequer a viagem aos Estados Unidos, pois tudo poderá ser comprado online, pela internet.


 


Wilson Lourenço 


Vice-Presidente da RA-3 da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp)

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