O diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Diogo Guillen, disse nesta quinta-feira, 23, que o compromisso em trazer inflação à meta, de 3%, é "chave" para ancorar as expectativas do mercado, que, pontuou, pararam de cair. Durante palestra em seminário promovido pelo Centro Europeu de Economia e Finanças, Guillen destacou incertezas relacionadas a quando o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) começará a cortar os juros, ainda que a autoridade monetária tenha enfatizado não haver relação mecânica das decisões do banco central dos Estados com as do Brasil.
Repetindo mensagens que estão na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ele afirmou que a atividade no Brasil está mais forte do que o esperado pelo BC. "Esperávamos uma desaceleração da atividade, mas tem vindo um pouco mais forte", comentou.
Em paralelo, Guillen observou que houve recentemente um repique dos preços de metais e energia. Segundo o diretor do BC, o Brasil tem um desafio parecido com o dos Estados Unidos: diminuir a inflação em meio ao mercado de trabalho aquecido.
"Temos um mercado de trabalho forte em termos de emprego e salários", ressaltou Guillen, citando também a resiliência mostrada pelo consumo desde o último trimestre do ano passado, na esteira do reforço em benefícios sociais e da desalavancagem da poupança das famílias.
O diretor do BC demonstrou que concorda com a ideia de que as reformas podem ter elevado o PIB potencial, mas ponderou que esse efeito é difícil de quantificar.
Guillen considerou ainda ser difícil saber quanto do consumo e da reação dos investimentos vem apenas da recuperação do choque da pandemia.