É emocionante ver o amadurecimento da moda de Fernanda Yamamoto. Na coleção, apresentada na terça-feira, 24, a estilista fez uma enorme experimentação envolvendo modelagem e tingimento. Criou todas as peças de desfile baseando a modelagem em apenas em três formas: o círculo, o triângulo e o quadrilátero. E trabalhou com a pigmentação natural da seda, do algodão e do poliéster para chegar em uma cartela ampla que passeou por todas as cores do arco-íris, com destaque para os tons terrosos.
O processo de criação foi feito depois de imersão na cultura da comunidade japonesa Yuba, fundada em 1930, por Isamu Yuba, inspirado em conceitos filosóficos da obras de Tolstói e Rousseau. Localizada em Mirandópolis, a 600 quilômetros de São Paulo, a comunidade formada por 60 pessoas, divide o tempo entre o trabalho agrícola e práticas artísticas. “Fiquei bastante sensibilizada com a simbiose entre lavoura e arte”, diz Fernanda. “Tentei traduzir essa dualidade entre a aspereza e a suavidade nas roupas.”
Os vestidos volumosos e sofisticados, com um delicado trabalho de pequenos plissados, seguiram conceitos de Yuba, evitando desperdício e usando plantas coletadas na própria comunidade, como o urucum, a folha de caju e a flor e cosmos para o tingimento. Causou especial comoção a entrada de membros da comunidade na passarela. Gente idosa, baixinha, gordinha, alta, sorridente e astral. Enfim, gente como a gente!