Um ano atrás, quando a campanha eleitoral para a Presidência da República ainda esquentava os motores, jamais alguém poderia imaginar que Dilma Roussef, se eleita, pudesse vir a anunciar que iria passar o controle do Aeroporto de Guarulhos – e de outros dois – à iniciativa privada. Esse tema era tratado pelo candidato, depois derrotado, José Serra (PSDB), que defendia a concessão como forma de modernizar os aeroportos brasileiros. Por defender a proposta, foi veemente atacado pela campanha petista à exaustão. Era acusado de privatista, com se esse termo fosse algo negativo.
Pois bem. Como presidente da República, por mais que possa estar rasgando os princípios de seu partido, Dilma acerta na decisão de anunciar que a Infraero não mais será responsável pela administração do principal aeroporto do país. Lamenta-se apenas que a decisão tenha demorado tanto tempo, a ponto não só de Guarulhos, mas de outros tantos pelo Brasil estarem completamente saturados. Tanto é assim que o caos aéreo, com terminais superlotados, filas de aviões nas pistas para subir ou nos céus para aterrissar são constantes.
A decisão pela concessão, anunciada na terça-feira, só ocorre porque a União percebeu que a realização da Copa do Mundo em 2014 está ameaçada. Agora, privatiza-se os sítios aeroportuários no afogadilho, passando à particulares a incumbência de resolver problemas que o poder público não teve a capacidade de sanar. Nestas condições, óbvio, numa relação de mercado, o governo sairá perdendo.
Houvesse planejamento, organização e essas decisões tomadas anteriormente, o Brasil ganharia muito mais. Agora, é correr atrás do prejuízo com a preocupação de perder menos.
Para Guarulhos, a privatização é bem vinda. Espera-se que as empresas que assumirem o Aeroporto tenham o cuidado também de olhar para a cidade em que ele está instalado, coisa que a Infraero nunca teve a hombridade de fazer. Afinal, diferente de como ele acaba apresentado à cidade, o Aeroporto não é uma ilha. É sim um pólo gerador de desenvolvimento. Cabe ao município saber se impor dentro desta relação.