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CONECTADO – Será que realmente há motivos para tanta festa em Guarulhos?

Coluna Conectado do jornalista Ernesto Zanon com informações sobre os bastidores da política e acontecimentos que marcaram a semana em Guarulhos

Em mais um vídeo para as redes sociais, o recém-casado prefeito Lucas Sanches (PL), ainda em lua de mel, divulgou que Guarulhos vai receber uma grande festa em comemoração ao aniversário da cidade no próximo 8 de dezembro. Como sempre exagera, afirma que será a maior de todos os tempos, isso e aquilo. Garante que não haverá dinheiro público envolvido, mas já colocou o exército de comissionados e bajuladores para divulgar o evento.

Governo peita o Cecap

No entanto, como não é muito de respeitar leis, Lucas deverá realizar o evento em um local impróprio, que deverá ter contestações na Justiça. Uma grande área, que pertence à CDHU, do Governo do Estado, que chegou a ser colocada à venda no ano passado, mas está sob judice, já começou a ser preparada pela Prefeitura para abrigar o “pão e circo” de Lucas. Fica no Cecap, entre a Fatec e uma creche municipal, próximo a diversos condomínios. O local foi usado pela Sabesp no início deste ano como estrutura provisória para as obras na região.

Falta de prioridades

A megafesta (se é que será assim) custará milhões. Mas Lucas garante que não gastará um centavo do poder público, já que o dinheiro em tese vem da iniciativa privada. Se houvesse prioridade para áreas importantes para a população, como saúde e educação, o governo estaria preocupado com outras questões, mas prefere canalizar esforços para o oba-oba institucionalizado no Paço Municipal.

Lugar impróprio

Frise-se que o lugar escolhido para a realização do show de milhões já causa controvérsias. Já está em curso uma ação para impedir que o evento ocorra ali, já que a mesma área foi vetada dois anos atrás por problemas ambientais. Na época, o então secretário de Meio Ambiente e morador do Cecap, Thiago Surfista, impediu a realização de um grande evento ali alegando problemas ambientais.

Grande perda para o Governo

O ex-secretário de Obras do Governo Guti, Marco Antonio Guimarães, é a primeira grande baixa expressiva no alto escalão da gestão Lucas Sanches. Ele pediu para sair do cargo nesta terça-feira, deixando um vácuo importante no setor de obras da administração, já que no meio é considerado um dos melhores que já passaram pela pasta. Nunca é demais lembrar que Marco Antonio foi um dos “pais” do programa “Viva Baquirivu”, que teve cerca de 70% a 80% das obras concluídas na gestão passada, com dinheiro em caixa para sua conclusão a partir do financiamento obtido junto ao Banco Andino de Desenvolvimento (CAF).

 

Só festas

Após a festança que reuniu menos de 15% dos servidores duas semanas atrás para lançar seu preferido para disputar uma vaga na Assembleia, Lucas Sanches passou a cuidar de seu casamento, realizado em um luxuoso hotel do litoral norte paulista no último sábado. Apesar de toda pompa digna de eventos milionários, o evento desagradou muita gente que esperava ser convidada. Lideranças políticas acreditavam piamente que estariam na fila do gargarejo para parabenizar o casal, mas tiveram que se contentar em ver as imagens na rede social.

Escolhidos a dedo

E que ninguém diga que era uma festa fechada só para as famílias. O casamento contou com a presença de secretários municipais escolhidos a dedo por Lucas, em detrimento a muitos que se acham, além do presidente do PL, o velho conhecido do meio político Valdemar da Costa Neto, e seu fiel escudeiro, o presidente da Assembleia Legislativa, André do Prado. Nada de vereadores de Guarulhos. Nem mesmo o presidente da Câmara, Fausto Martello, que vive rasgando elogios a Lucas neste momento, apareceu nas fotos.

Insatisfação latente

A insatisfação de importantes setores da Educação municipal com a gestão do prefeito Lucas Sanches (PL) é latente. Enquanto a sociedade já entendeu que as mudanças no país passam por investimentos maciços na área, a atual gestão dá de ombros para a educação municipal, em uma série de ações que demonstram o total desrespeito e falta de prioridades para o setor. Neste momento, crianças sofrem nas escolas com a alimentação, depois que outras pautas importantes foram deixadas de lado.

Merenda seca

No início desta semana, as redes sociais apontam que crianças de diferentes unidades municipais estão com a famosa “merenda seca”, quando são servidos apenas bolacha e leite. A alimentação de verdade, que nos anos passados, foi premiada até internacionalmente pela quantidade e variedade de alimentos servidos – até cinco refeições por dia nas escolas com ensino integral – parece não existir mais. A proteína, na forma de carne, estaria reduzida a ovos apenas. Isso quando tem, dizem merendeiras e pessoas da área.

Insegurança alimentar

Não bastasse a falta de alimentos, há também grande insatisfação na área de alimentação escolar, devido à falta de merendeiras no quadro da Secretaria Municipal de Educação. A atual gestão, em vez de promover a contratação de novos profissionais por meio de concursos, vem promovendo a viabilização de contratação de empresa terceirizada para a produção de refeições nas escolas, o que não é bem visto pelos servidores municipais, que veem na medida uma possível operação de desmonte na educação local.

Desmotivação

Com isso, os atuais profissionais, por mais que se dediquem na produção das merendas, estão desmotivados, na iminência inclusive de serem transferidos de escolas ou mesmo das funções que exercem atualmente, o que pode desencadear, inclusive, na diminuição de seus salários. Muitos podem perder gratificações, que garantem valores a mais no final do mês.

Sem, sem, sem

Diante de tudo isso, as crianças da rede municipal – que já ficaram sem uniforme escolar, sem ovos de chocolate na Páscoa, sem cesta básica nas férias de julho – agora pagam caro por uma alimentação deficiente. Na Secretaria da Educação, perseguições pessoais e políticas seguem a todo vapor, causando insatisfação generalizada na rede.