Estadão

Confiança do comércio cai 1,4% em fevereiro ante janeiro, mostra CNC

Os comerciantes brasileiros ficaram menos otimistas em fevereiro, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) recuou 1,4% em relação a janeiro, já descontados os efeitos sazonais.

Após três meses de recuos seguidos, o Icec desceu ao patamar de 115,4 pontos, o menor nível desde agosto de 2021, mas ainda na zona considerada de otimismo (acima dos 100 pontos). Na comparação com fevereiro de 2022, a confiança do comércio caiu 3,3%.

Segundo a CNC, os resultados foram influenciados pela desaceleração da atividade econômica e das vendas no varejo. Além disso, também afetam o humor do empresariado a inflação acima da meta perseguida pelo Banco Central, os juros elevados e a perda de fôlego na geração de vagas formais no mercado de trabalho.

Na passagem de janeiro para fevereiro, todos os componentes do Icec registraram recuos. As condições atuais do empresário do comércio caíram 2,8%, para 105,2 pontos, com perdas nas avaliações sobre a economia (-5,1%), sobre o setor (-3,6%) e sobre a empresa (-1,0%). As expectativas do empresário do comércio encolheram 0,2%, para 136,5 pontos, com reduções também nos itens economia (-0,3%), setor (-0,1%) e empresa (-0,4%). As intenções de investimentos diminuíram 1,5%, para 104,4 pontos, devido a quedas nos quesitos contratação de funcionários (-2,2%), empresa (-2,6%) e estoques (-0,6%).

Do total de varejistas entrevistados, 37,5% pretendiam reduzir a contratação de funcionários este ano, maior porcentual desde junho de 2021. A piora na avaliação das condições atuais e nas expectativas para o curto prazo tem levado comerciantes a redimensionarem os planos de ampliação do quadro de funcionários e outros investimentos, avaliou a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa da CNC.

"Os juros altos alavancaram os negócios e o grande varejo acendeu um alerta para uma possível crise de crédito no setor", disse Izis Ferreira, em nota oficial. "Com a inadimplência elevada e a inflação desancorada, os juros permanecerão elevados este ano, reverberando negativamente no consumo de bens dependentes do crédito", acrescentou.

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