Os comerciantes brasileiros ficaram ligeiramente mais otimistas em agosto, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) aumentou 0,3% em relação a julho, na série com ajuste sazonal, interrompendo uma sequência de três meses de quedas.
O indicador alcançou 110,6 pontos em agosto, na zona de satisfação, embora esteja em patamar 10,8% inferior ao registrado em agosto de 2022. De acordo com a CNC, o aumento da inadimplência empresarial preocupa o varejo.
"Segundo dados do Banco Central, houve um crescimento acelerado da inadimplência acima de 90 dias no crédito com recursos livres entre as pessoas jurídicas desde a segunda metade de 2022. Aproximadamente 3,3% do crédito destinado às empresas está em situação de inadimplência há mais de três meses, o maior porcentual desde agosto de 2018", ressaltou a entidade.
A CNC lembrou que o Icec de agosto trouxe perdas nos componentes que avaliam a situação da empresa tanto em relação ao mês anterior quanto na comparação com o mesmo mês do ano anterior.
"As condições de operação no varejo estão mais restritas, sobretudo nos segmentos mais dependentes de vendas a prazo e com alta alavancagem empresarial", justificou Izis Ferreira, economista responsável pela pesquisa da CNC, em nota oficial.
Na passagem de julho para agosto, a avaliação das condições atuais cresceu 1,0%, para 87,4 pontos, com melhora nos quesitos economia (alta de 3,4%, para 74,6 pontos) e setor (0,4%, para 83,1 pontos), mas ligeira queda para o quesito empresa (-0,1%, para 104,4 pontos).
Quanto às expectativas, houve redução de 0,2% em agosto ante julho, para 141,7 pontos, com recuos nos quesitos economia (-0,3%, para 131,1 pontos) e empresa (-0,7%, para 152,3 pontos), mas melhora na perspectiva para o setor (alta de 0,6%, para 141,6 pontos).
Já as intenções de investimentos cresceram 0,2% em agosto ante julho, para 102,9 pontos, com expansão na intenção de contratação de funcionários (0,7%, para 119,3 pontos) e em estoques (0,3%, para 91,5 pontos), mas queda na empresa (-0,3%, para 97,8 pontos).
O aumento na intenção de contratações de funcionários em agosto pode ser atribuído "à aproximação de datas relevantes do calendário de vendas no varejo neste segundo semestre, ao alívio da renda vindo da inflação mais baixa e da resiliência do mercado de trabalho", avaliou a economista Izis Ferreira.
A entidade aponta que, embora o nível de endividamento e inadimplência entre os consumidores permaneça elevado, o início do processo de redução da taxa básica de juros, a Selic, "trouxe certo alívio".
"Isso repercutiu no otimismo dos comerciantes de bens duráveis (eletroeletrônicos, móveis, decorações, cine/foto/som, materiais de construção e veículos), com o índice de confiança desse grupo atingindo 105,3 pontos", diz a nota da CNC.