A confiança do consumidor caiu 1,3 ponto em fevereiro ante janeiro, na série com ajuste sazonal, informou nesta sexta-feira a Fundação Getulio Vargas (FGV). O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) ficou em 84,5 pontos. Em médias móveis trimestrais, o índice encolheu 0,3 ponto, terceiro mês seguido de queda.
"A confiança dos consumidores cai pelo segundo mês consecutivo. No geral, há uma percepção de piora da situação atual, que é mais percebida pelas famílias de menor poder aquisitivo", avalia Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das Sondagens do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), em nota oficial.
Segundo Viviane, as expectativas são cautelosas, apesar dos consumidores ainda serem otimistas em relação ao mercado de trabalho, o que parece ter sustentado as perspectivas sobre economia e emprego com indicadores acima dos 100 pontos.
"O contexto econômico das famílias se altera pouco: maior endividamento, taxas de juros elevadas, desaceleração da atividade econômica e a elevada incerteza devem manter a confiança em patamares baixos em 2023", completa a coordenadora.
Em fevereiro, o Índice de Situação Atual (ISA) recuou 1,8 ponto, para 69,3 pontos. O Índice de Expectativas (IE) diminuiu 0,9 ponto, para 95,8 pontos.
No ISA, o item que mede a percepção sobre a situação financeira das famílias foi o que mais influenciou a queda do ICC no mês, ao recuar 5,6 pontos, para 58,8 pontos, pior resultado desde março de 2022. Por outro lado, houve ligeira melhora das avaliações sobre a situação econômica, que subiu 2,0 pontos, para 80,3 pontos. Ambos os componentes permanecem distantes do nível neutro (de 100 pontos).
Quanto às expectativas, o quesito que mede o ímpeto de consumo de bens duráveis caiu 2,7 pontos, para 76,9 pontos, menor nível desde julho de 2022. O item que mede o otimismo em relação à situação econômica futura recuou 1,2 ponto, para 112,2 pontos.
A análise por faixa de renda mostra perda de confiança em todos os grupos de renda mais baixa. Entre as famílias com renda até R$ 2.100,00 mensais, a confiança caiu 3,3 pontos em fevereiro, para 84,4 pontos. No grupo mais rico, que recebe acima de R$ 9.600,00 mensais, o indicador subiu 2,2 pontos em fevereiro, para 89,9 pontos.
"A análise por faixa de renda mostra perda de confiança em todos os níveis de renda exceto para as famílias com maior poder aquisitivo (acima de R$ 9.600) influenciada pelas expectativas. Apesar da alta, todas permanecem abaixo do nível de 90 pontos", observou a FGV.
A Sondagem do Consumidor coletou entrevistas entre os dias 1º e 17 de fevereiro.