A confiança do consumidor recuou 7,6 pontos em março ante fevereiro, na série com ajuste sazonal, informou nesta terça-feira, 24, a Fundação Getulio Vargas (FGV). O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) alcançou 80,2 pontos, o menor patamar desde janeiro de 2017, acumulando uma perda de 11,4 pontos nos primeiros três meses de 2020.
"A queda na confiança dos consumidores que já vinha ocorrendo nos dois meses anteriores, aprofundou-se em março, sob influência da pandemia de coronavírus. Apesar de dois terços da coleta de dados para esta edição ter ocorrido antes das medidas de restrição já é possível notar um impacto expressivo nas expectativas", avaliou Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das Sondagens do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), em nota oficial.
Em março, houve deterioração tanto nas avaliações sobre o presente quanto nas expectativas para os próximos meses. O Índice de Situação Atual (ISA) diminuiu 4,8 pontos, para 76,1 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE) caiu 9,3 pontos, para 83,9 pontos, o menor patamar desde dezembro de 2016.
"O Rio de Janeiro foi a capital que registrou a maior queda na confiança, enquanto os paulistas já perceberam a piora da situação atual, possivelmente em função do maior número de casos e por seu imenso parque fabril. O cenário para os próximos meses é preocupante, com forte impacto econômico e social. Embora seja difícil imaginar alguma recuperação da confiança no horizonte visível, esperamos que o sucesso das medidas de isolamento para reduzir a disseminação do vírus possam ao menos conter parte do desânimo que virá com a queda do PIB e o aumento do desemprego", completou Viviane.
Entre os componentes do ICC, o item que mede as expectativas sobre a economia para os próximos meses foi o que mais contribuiu para a queda da confiança, com um tombo de 12,0 pontos, para 104,9 pontos.
Segundo a FGV, o aumento de incertezas gerado pela queda dos preços do petróleo e pelo avanço da contaminação do Covid-19 no Brasil contribuíram para um maior pessimismo em relação ao futuro da economia.
"Num cenário econômico mais difícil nos próximos meses, consumidores também preveem redução da oferta de empregos e uma piora da situação financeira das famílias", apontou a FGV.
O componente que mede as perspectivas sobre as finanças familiares piorou pelo terceiro mês consecutivo, com queda de 7,0 pontos, para 92,2 pontos. O ímpeto para consumo de bens duráveis diminuiu em 7,6 pontos em março, acumulando perda de 25,0 pontos em 2020.
Houve piora na confiança entre os consumidores de todas as classes de renda, puxada pelo aumento do pessimismo em relação à situação econômica nos próximos meses, exceto para as famílias de menor poder aquisitivo, que recebem até R$ 2,1 mil mensais e cuja queda de confiança foi influenciada pela redução forte na intenção de compras (-9,9 pontos).
"Apesar do impacto maior ter sido nas expectativas das famílias com relação à economia, há deterioração das expectativas em relação a situação financeira familiar e ao emprego, principalmente para os consumidores com renda familiar entre R$ 2,1 mil e R$ 4,8 mil, o impacto afeta diretamente sua propensão a consumir cujo indicador caiu 12,8 pontos e suas perspectivas de obter emprego nos próximos meses, que reduziu 10,1 pontos", afirmou Viviane Seda Bittencourt.
A Sondagem do Consumidor coletou informações de 1.713 domicílios em sete capitais, com entrevistas entre os dias 2 e 19 de março.