O Índice de Confiança da Construção (ICST) registrou, na passagem de fevereiro para março, queda de 8,0% na série com ajustes sazonais. Trata-se do maior recuo mensal da série histórica iniciada em julho de 2010. Com o resultado, o índice atingiu 76,3 pontos, um novo piso para o indicador.
Este é o segundo mês consecutivo em que o ICST registra recordes negativos tanto na variação mensal como no nível da confiança dos empresários, evidenciando um aprofundamento da crise de confiança do segmento. Segundo a FGV, o resultado retrata um empresariado crescentemente insatisfeito e pessimista em relação aos rumos de curto prazo do setor.
Na base de comparação internanual a queda do ICST também se acentuou, passando de recuo de 27,3% no mês de fevereiro ante igual mês de 2014 para retração de 33,9% em março, na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Infraestrutura
A coordenadora de projetos da construção da FGV/IBRE, Ana Maria Castelo, destaca que o elemento inesperado no ICST vem do segmento de infraestrutura, em que as obras estão sendo paralisadas independentemente do estágio, o que tende a gerar um impacto ainda mais forte do que os efeitos do fim das obras do ramo imobiliário. “E a percepção dos empresários é de que este quadro tende a se agravar nos próximos meses”, destacou Ana Maria.
Em março, a baixa do índice em relação a fevereiro decorreu, principalmente, da piora a da percepção do empresariado em relação à situação futura dos negócios. O Índice de Expectativas (IE), que havia caído 4,7% em fevereiro, teve recuo recorde de 7,3%, em março, passando a 86,7 pontos, de 93,5. O Índice de Situação Atual (ISA) caiu 8,9% neste mês, após recuar 9,9% no mês anterior, de 72,2 pontos em fevereiro para 65,8 pontos em março. “Ambos os índices chegaram aos menores níveis da série, confirmando a continuidade do quadro de desaceleração do setor neste início de ano”, destaca a FGV.
As expectativas foram afetadas principalmente pelos quesitos que medem o grau de otimismo em relação à situação dos negócios nos seis meses seguintes (-9,0%, para 89,6 pontos) e as expectativas em relação à evolução da demanda nos três meses seguintes (-5,2%, para 83,8 pontos). Já a percepção quanto à situação atual recuou principalmente devido ao indicador de evolução recente da atividade (-11,4%, para 61,4 pontos) e ao que mede o grau de satisfação com situação atual dos negócios recuou (-6,5%, para 70,2 pontos).