No próximo mês a indústria atingirá a produção de 20 milhões
de veículos leves cujos motores podem ser abastecidos indiferentemente com etanol
ou gasolina. Mais conhecidos como motores flex, em pouco mais de 10 anos
(completados em março último) conseguiram crescente aceitação. Hoje, respondem
por cerca de 90% das vendas de veículos leves com motores de ciclo Otto,
inclusive de modelos de origem sul-coreana e chinesa que tiveram desenvolvimento
no exterior.
É preciso lembrar que essa tecnologia chegou a ser
ridicularizada no início, em 2003. No entanto, ela veio para ficar e, aos
poucos, superou problemas. Esta semana, a Associação Brasileira de Engenharia
Automotiva (AEA) relembrou a trajetória de sucesso dos motores flex. Um dos
poucos exemplos em que o Brasil vem mostrando competência em termos de pesquisa
e inovação. Na sétima edição do Prêmio AEA de Meio Ambiente, o trabalho
acadêmico vencedor de Jorge Tenório (Universidade de São Paulo) e Joner Alves
(Aperam, ramo siderúrgico) tratou da geração de energia a partir de resíduos da
produção de etanol.
Combustível e veículo se complementam. Motores flex nasceram
para que os proprietários de automóveis tivessem uma alternativa em função do preço
de cada combustível nos postos de abastecimento. Entretanto, há de se
administrar previsíveis conflitos de interesse entre a indústria petrolífera e
a de biocombustíveis. Essa arbitragem deveria caber ao mercado, mas não dá para
deixar de reconhecer ou abrir mão do papel dos governos. No caso do Brasil isso
ocorre de forma errática: hora estimula, hora desestimula a produção de etanol.
Como bem lembrou o professor Francisco Nigro, em sua
palestra durante a premiação referida, se há objetivo sincero de redução de
emissões de gás carbônico (CO2), o biocombustível de cana-de-açúcar
é imbatível. Para ele, faltam ações coordenadoras ao governo brasileiro,
participante do programa mundial de limitação daquele gás de efeito estufa que
provocaria mudanças climáticas. A descoberta de petróleo na difícil camada
pré-sal, muito abaixo do leito do fundo do mar em águas profundas e longe da
costa, levou a euforia e quase descarte dos combustíveis renováveis.
Nigro lembrou que a indústria precisa também avançar. Segundo
suas pesquisas nos dados disponíveis do programa de etiquetagem veicular,
motores flexíveis ao consumir etanol mostram, na média, deficiência de 2% em
relação à gasolina, especialmente no ciclo rodoviário. Tal desvantagem não é
desprezível, pois se trata de medição de eficiência energética, em quilojoules/km,
que compensa a diferença de poder calorífico entre os dois combustíveis. Lembra
que se trata de média e, assim, há motores melhores e piores.
Essa situação, por informações de várias fontes, deve e vai
mudar graças às metas impostas no programa Inovar-Auto.
RODA VIVA
CONFORME apurações, essa coluna antecipa que o Nissan Note substituirá o Livina
em janeiro de 2015, na nova fábrica da marca japonesa em Resende (RJ). Desta
unidade sairão antes o March, em janeiro de 2014 e o Versa, em julho do mesmo
ano, hoje importados do México. Os três modelos compartilham a mesma
arquitetura de veículo mundial compacto.
QUEDA nas
importações e reação das exportações levaram a indústria a bater recorde de
produção mensal em maio: 348.000 unidades. No acumulado do ano, o crescimento –
também recordista – chega a quase 19%. Vendas no mercado interno continuam em
bom patamar. Estoques subiram para 36 dias, mas hoje nível entre 30 e 35 dias
se considera normal.
AINDA no mês
passado a indústria registrou 153.708 empregados, mais 542 vagas. Em 1980,
estavam empregadas 153.900 pessoas, em época de baixíssima automatização e
poucas operações terceirizadas. Depois de 33 anos, bastam apenas pouco menos de
200 novos empregos diretos agora em junho para que o total de funcionários ultrapasse
a marca histórica.
VOLVO V40 deu um
salto em estética e tecnologia. Compacto da marca sueca, importado da Bélgica, é
o primeiro automóvel equipado opcionalmente com airbag de proteção a pedestre.
Mostra estilo arrojado, interior bem cuidado e itens encontrados, em geral, em
modelos de classe superior. Parte, completo, de R$ 115.900 e pode agregar três
pacotes de livre combinação.
MOTOR de cinco
cilindros em linha/dois litros/180 cv tem sonoridade próxima a de um venerável seis-cilindros
em linha, mas poderia oferecer potência maior, pois utiliza turbocompressor.
Suspensões independentes nas quatro rodas garantem comportamento seguro em
curvas de qualquer raio. Mas, agravado pelo uso de pneus de perfil baixo, não é
das mais silenciosas.
VEDAÇÃO da capota
retrátil de lona do Fiat 500 é tão boa que torna o interior até mais silencioso
do que a versão convencional. De fato, essa capota funciona mais como enorme
teto solar elétrico, que se acomoda atrás do banco traseiro, depois de
compactada. Porém, há movimentação estrutural além do aceitável, quando
totalmente aberta.
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