Internacional

Congresso dos EUA será mais jovem e diverso; partidos se radicalizam

As eleições de meio de mandato nos Estados Unidos, que ocorreram na terça-feira, 6, e elegeram representantes para as 435 cadeiras da Câmara e um terço do Senado, além de 36 dos 50 governadores, tornarão o novo Congresso mais diverso. O perfil dos candidatos que concorreram a uma vaga na Câmara ou no Senado aponta para maior participação feminina e jovem.

Pesquisa de boca de urna divulgada na terça-feira, 6, pela CNN aponta que 55% dos eleitores rejeitam Trump enquanto 44% aprovam o governo do presidente – o que indica uma maior participação dos democratas nas urnas. A mudança no perfil esperado do novo Congresso é basicamente entre os candidatos democratas, o que deve tornar os dois partidos americanos ainda mais opostos, não só na ideologia, mas na cara que seus representantes terão.

Na Pensilvânia, por exemplo, há três mulheres democratas com chance de ganhar cadeiras dos republicanos na Câmara. O desempenho democrata na Câmara mostra o novo perfil do partido que deve prevalecer para a eleição de 2020: com maior diversidade racial e de gênero e mais à esquerda. Os dois partidos então se tornam mais radicais diante da próxima eleição presidencial.

O número de candidatas concorrendo este ano bateu recorde, tanto na Câmara como no Senado. Segundo o Center for American Women and Politics, da Rutgers University, 237 mulheres disputaram uma vaga na Câmara e 23 no Senado. Há Estados em que a disputa ao Senado se dá entre duas mulheres, como Nova York, Nebraska, Wisconsin e Minnesota. Atualmente, de 100 senadores, 23 são mulheres. Na história do Senado americano há apenas 52 mulheres. As primeiras pesquisas de boca de urna divulgadas pela CNN apontam que 78% dos eleitores consideravam importante eleger mulheres e 71% responderam favoravelmente à eleição de minorias raciais.

“Embora haja mais mulheres republicanas concorrendo, a trajetória (de aumento do número de candidatas) é bastante linear”, avalia Michele Swers, professora de governo americano da Georgetown University, citando a diferença entre o aumento do número de democratas e republicanas na disputa. Segundo ela, o número de mulheres candidatas ao Congresso tem crescido desde 1992 – ano considerado como crucial para aumento da participação feminina no Legislativo americano -, mas segue relativamente estagnado para os republicanos.

Há um aumento no número de mulheres negras na disputa, com destaque também para as candidatas democratas. Jamil Scott, professora-assistente de governo na Universidade Georgetown, destaca que 11% dos candidatos democratas ao Congresso são mulheres negras. Em 2012, segundo ela, eram 7%. Já no lado dos republicanos, a porcentagem atual é de 3%, segundo ela. Os dados sobre raça com relação a candidatos não são divulgados por todos os Estados, mas o diretório de dados Black Women in Politics aponta para um total de 468 candidatas negras em todas as disputas em jogo na eleição.

O voto dos jovens é apontado como um dos fatores para a mudança da cara do Congresso. A pesquisa divulgada pela CNN após as eleições também apontou que 16% dos eleitores votaram pela primeira vez.

Participação

A intensa polarização nos EUA em torno da possibilidade de dar um sinal de apoio ou de rejeição ao presidente Donald Trump mobilizou o eleitorado. Nem o tempo chuvoso, em locais próximos a Washington, desestimulou o comparecimento nas urnas. “Comparado com 2016 eu diria que houve maior comparecimento, foram mais de mil nas primeiras horas do dia. Os eleitores estão motivados”, afirmou Stephanie Sanders, chefe de uma zona de votação em Arlington, na Virgínia, região majoritariamente democrata.

“Meu principal voto foi para mudar o comando da Câmara dos Deputados, essa é minha esperança. Com a maioria, os democratas farão um verdadeiro contrapeso a tudo o que Donald Trump tem encampado. Até agora os republicanos apenas deixam que Trump siga com o que quer fazer”, disse Russel Crutcher, em Arlington, após votar em democratas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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