Estadão

Conheça o único brasileiro super-rico que pediu para pagar mais impostos em Davos

Um grupo de super-ricos pediu aos governos que aumentassem os impostos que eles mesmos pagam como forma de diminuir a desigualdade. Os integrantes do movimento Proud to pay more (Orgulho de pagar mais, em português) entregaram a carta aos líderes mundiais e executivos de negócios que estão reunidos no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Entre os que assinam a carta há apenas um brasileiro, João Paulo Pacífico, CEO de Investimentos de Impacto do Grupo Gaia.

"Nosso pedido é simples: pedimos que nos taxem, os mais ricos da sociedade. Isto não irá alterar profundamente a nossa condição de vida, privar os nossos filhos ou prejudicar o crescimento econômico dos nossos países. Mas transformará a riqueza privada extrema e improdutiva em um investimento para o nosso futuro democrático comum", diz a carta.

"Para mim é tão óbvio que pessoas mais ricas tem que pagar mais impostos", escreve Pacífico em sua conta oficial no Instagram. Em vídeo, ele cita que os cinco homens mais ricos do mundo mais que dobraram suas fortunas desde 2022, como revelou a Oxfam nesta semana.

Na sua visão, a questão poderia ser solucionada da seguinte forma: primeiro, ter uma tributação progressiva, "quanto mais rico, mais imposto proporcional a pessoa deve pagar", diz ele.

Em segundo lugar, Pacífico defende a implementação da renda básica universal: "Todo mundo tem o direito de ter uma renda digna. Você acha justo que 129 milhões de brasileiros tenham ficado mais pobres desde 2020? Ao mesmo tempo que quatro dos cinco bilionários mais ricos do Brasil aumentaram sua renda em 51% segundo a Oxfam?", indaga no vídeo.

Pacífico começou a sua jornada com a Gaia em 2009, quando fundou a GaiaSec, uma securitizadora imobiliária. Depois, foi aberta a GaiaServ, empresa que faz gestão de créditos. Vários outros braços do grupo surgiram, como a Gaia Esportes, Gaia Agro e Gaia Cred.

Em 2014, o grupo montou a Gaia+, uma ONG focada na infância e nos educadores que atua para promover "a educação com compaixão entre professores" (como descreve o site oficial) e habilidades socioemocionais. O trabalho é voltado para crianças em situação de vulnerabilidade por meio da assistência social, dos esportes e da cultura.

A Gaia foi dividida em duas partes: uma composta por empresas de investimentos de impacto (Gaia Impacto), e a outra de investimentos tradicionais (Planeta). Atualmente, Pacífico ficou apenas com o braço de impacto social do grupo, depois de ter vendido a parte tradicional em março de 2022. Os recursos da venda e as ações da Gaia foram doados para a ONG de investimentos de impacto.

A Gaia investe em projetos sociais de agricultura sustentável, moradia digna, geração de renda, energias renováveis e educação. O grupo colabora com as cooperativas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e levou as cooperativas para o mercado financeiro por meio de um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA ) emitido pelo grupo.

Pacífico, que se autodenomina ativista, também integra o movimento socioambiental e é membro do Conselho Fiscal do Greenpeace Brasil. Ele já foi colunista da revista <i>Veja</i> e apresentador de programa da Rádio Globo. Nas duas experiências, explorava questões relacionadas à felicidade.

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