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Consagrado produtor da Tropicália revela em livro bastidores do movimento

Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, Mutantes, Nara Leão e Rogério Duprat. Os principais nomes da Tropicália estão bem consolidados na história e na memória de quem conhece esse que é um dos mais transformadores capítulos da música popular brasileira.

Entretanto, parafraseando uma das canções símbolos do "grupo", havia alguém ali que organizava o movimento, orientava o carnaval, ao menos no estúdio.

Esse cara é Manoel Barenbein, que agora conta grande parte de sua atuação na música no livro O Produtor da Tropicália – Manoel Barenbein e os Álbuns de um Movimento Revolucionário (Garota FM Books), do jornalista e produtor musical Renato Vieira, com prefácio escrito por Gilberto Gil.

A publicação é derivada dos novos episódios do podcast O Produtor da Tropicália, de 2021. Com capítulos dedicados a cada artista e, consequentemente, para os discos que Barenbein produziu de cada um, o livro avança pela história das composições, do trabalho dentro dos estúdios e mostra como o profissional era querido e respeitado por intérpretes, músicos e compositores.

Entrevistado por Vieira, o produtor relata, por exemplo, os bastidores do álbum Tropicália ou Panis Et Circenses e revela como foi feita a "cena" final da canção Panis Et Circenses – aquela em que vozes simulam estar na mesa da sala de jantar, com direito a sonoplastia de copos e talheres.

Ao <b>Estadão</b>, Barenbein, atualmente com 80 anos, aponta a canção como a mais importante que produziu. "Nunca haviam feito uma cena parecida com uma radionovela dentro de uma música. Foi algo totalmente novo. O técnico de gravação usou um gerador de frequência para fazer a passagem do instrumental para a sala de jantar ".

<b>Perenidade</b>

O produtor vai além e destaca a perenidade não apenas da canção, mas também do álbum fundamental da Tropicália. "Não é uma estátua, ali esculpida, exposta diariamente. É música! E se fala dele depois de mais de 50 anos…", ressalta.

Saudado certa vez por Caetano com a frase "ele é a tropicália", Barenbein diz que Gil e Caetano é que são o centro da história. "Além do trabalho, criamos uma amizade. Nos entendemos, algo muito difícil de acontecer entre as pessoas. E, com isso, pudemos produzir algo incrível juntos".

<b>Para além do tropicalismo</b>

Para além do movimento, o livro tem capítulos dedicados a Chico Buarque, Claudette Soares, Erasmo Carlos, Jair Rodrigues, Jorge Ben Jor, Maria Bethânia, Ronnie Von e ao álbum até hoje inédito que uniu João Gilberto, Caetano e Gal.

Para Vieira, é fundamental que se jogue luz na trajetória de Barenbein dentro da música brasileira – o pesquisador estima que, durante a fase em que esteve na gravadora Philips, entre 1967 e 1971, o produtor chegou a comandar as gravações de 40 discos.

"Barenbein não é uma pessoa vaidosa, sempre foi discreto em relação à fama. Penso que o livro mostra que ele também foi um protagonista. Ele era o olho da gravadora, mas com grande compreensão do que os artistas desejavam", diz, sobre o "biografado" que trabalhou com músicas por mais de 50 anos e há cinco está morando em Israel.

Vieira conta que as lembranças estão muito vivas na memória de Barenbein – o produtor participa semanalmente de um programa dedicado à música brasileira em uma rádio israelense – e destaca, além dos discos tropicalistas, os discos que ele fez com Chico Buarque, a quem ele convenceu a entrar no estúdio para cantar.

"São artistas que pautaram a cultura brasileira dali por diante. Barenbein, e os discos que ele produziu, têm lugar garantido em qualquer antologia da música brasileira", finaliza Renato Vieira .
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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