O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (CSNU, na sigla em inglês) iniciou nesta quarta-feira, 18, por volta das 11h de Brasília (10h no horário local), reunião para votar a proposta de resolução sugerida pelo Brasil, na presidência do órgão no mês de outubro, sobre a guerra entre o grupo Hamas e Israel. A apreciação do tema era para ter ocorrido na segunda-feira, 16, mas foi adiada para terça, 17, a pedido da maioria dos países membros para mais tempo de análise. Na terça, outra solicitação de postergação foi feita e, agora, a expectativa é de que o tema possa ser votado na manhã desta quarta.
O texto final que será apreciado pelo CSNU inclui um trecho em que pede esforços para "cessar das hostilidades" no Oriente Médio e que não estava na versão anterior, conforme antecipou o <b>Estadão/Broadcast</b>. A nova proposta avança em relação à anterior que defendia "pausas humanitárias", mas não menciona um pedido explícito de cessar-fogo imediato, como defendido pelos russos e rejeitado pelos americanos. Esse era um dos temas que estava em negociação ontem entre as equipes diplomáticas, conforme revelou o <b>Estadão/Broadcast</b>.
"Incentivar os esforços visando a cessação das hostilidades que ajudariam a garantir a proteção dos civis tanto em Israel como no território palestino ocupado, incluindo Jerusalém Oriental", diz o texto final da proposta sugerida pela presidência brasileira e que deve ser votada nesta quarta.
A resolução foi costurada pela diplomacia do Brasil, mas contou com apoio de outros países membros do CSNU, e será analisada após a sugestão russa ter sido barrada pelo órgão na segunda-feira. De lá para cá, intensas negociações movimentaram as equipes diplomáticas para ajustar o texto no intuito de chegar a um consenso e evitar vetos. Ao todo, já foram feitos quatro rascunhos da proposta da presidência brasileira, segundo fontes.
O principal ponto de atenção das negociações foi justamente chegar a um meio termo que agrade americanos e russos. Enquanto os Estados Unidos, aliado de Israel, querem condenar o grupo Hamas, a Rússia defende uma linguagem mais enfática junto aos israelenses. A solução encontrada pela diplomacia brasileira foi defender esforços para cessar as hostilidades ao invés de citar explicitamente um pedido de cessar-fogo imediato, que opunha a Rússia e os EUA.
Segundo fontes próximas às negociações, os russos não participaram ativamente dos ajustes do texto sugerido pela presidência brasileira, mas enviaram comentários. A China que já havia feito elogios à sugestão também teria contribuído, dizem.
Agora, a expectativa é de que a votação ocorra na manhã desta quarta. São necessários ao menos nove votos, considerando o total de 15 países que formam o CSNU, para que o projeto de resolução seja aprovado. Além disso, nenhum dos cinco membros permanentes pode vetá-lo. São eles: Estados Unidos, Reino Unido, China, França e Rússia.
Na sequência do encontro que tentará votar a resolução, o Conselho de Segurança da ONU fará uma reunião de emergência após o ataque ao hospital na cidade de Gaza nesta terça e que deixou mais de 450 mortos, solicitada pelos Emirados Árabes Unidos, Rússia e China. O ocorrido, inclusive, aumentou a urgência do tema e pressão para que o órgão máximo de decisão da ONU se posicione a respeito. Desde 2016, o CSNU não emite uma opinião oficial sobre o Oriente Médio.