A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu nesta sexta-feira, 11, que a proposta negociada pela equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para viabilizar promessas de campanha deve ser chamada de PEC do Bolsa Família . De acordo com a deputada, há consenso entre os partidos que compõem o governo de transição sobre deixar todo o Bolsa Família, hoje chamado Auxílio Brasil, fora do teto de gastos – a regra que limita o crescimento das despesas do governo à variação da inflação.
Inicialmente, a proposta foi apelidada de PEC da Transição , já que deve gerar mudanças no Orçamento do ano que vem, que já foi enviado ao Congresso pelo governo Bolsonaro, para refletir as medidas do novo governo.
"Ficou pactuado entre nós a importância de a gente entregar à população brasileira aquilo que foi contratado durante o período eleitoral. Ou seja, nós oferecemos um programa à população", disse Gleisi a jornalistas, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), após a primeira reunião do Conselho Político da transição.
A presidente do PT ressaltou que a manutenção do Bolsa Família em R$ 600 foi prometida na eleição tanto por Lula quanto pelo presidente Jair Bolsonaro.
"A gente pode dizer com muita tranquilidade que 100% dos eleitores que votaram para presidente da República aprovaram isso. Então, é uma obrigação, uma responsabilidade que nós temos", disse Gleisi. "Nós jamais vamos abrir mão de ter a responsabilidade social colocada em primeiro lugar, nós estamos falando sobre a vida, a sobrevivência das pessoas. É por isso que nosso entendimento nesta reunião foi de que nós precisamos ter a PEC do Bolsa Família. Para ficar claro: não é PEC de transição, é PEC do Bolsa Família", emendou a deputada.
O consenso, de acordo com Gleisi, é de retirar o Bolsa Família do teto. As outras promessas de campanha, segundo a deputada, serão definidas no Orçamento.
Já está previsto na peça orçamentária do ano que vem um total de R$ 105 bilhões para o programa social. Se o benefício ficar fora do teto, esses recursos poderão ser usados para outras medidas do novo governo.
Mais cedo, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que participa da transição, afirmou que o texto da PEC deve ser entregue na semana que vem, entre quarta e quinta-feira, após o feriado.
<b>Escolha de presidente do BID</b>
A presidente nacional do PT afirmou também nesta sexta-feira que seria "de bom tom" o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) adiar a escolha de seu novo presidente, diante da mudança de governo em andamento no Brasil.
Conforme o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) mostrou na quinta à noite, o Brasil pode perder a oportunidade de presidir o BID por divergências políticas devido à resistência de uma ala do Partido dos Trabalhadores (PT) à adesão automática à candidatura do ex-Banco Central Ilan Goldfajn, indicado pelo governo Jair Bolsonaro (PL) à chefia do BID.
"Eu acharia de bom tom eles adiarem. Temos um governo que foi eleito agora, não tem por que não esperar a posse do governo para poder fazer a indicação", afirmou Gleisi.
A dirigente negou ter conhecimento de que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, que integra o governo de transição, enviou uma carta ao Tesouro dos Estados Unidos, e a ministros de países-membros como Colômbia, Chile e Argentina, nesta semana, sugerindo o adiamento do pleito.
A ideia do PT é ganhar tempo para sugerir um novo nome para disputar a presidência do BID – mais alinhado com o PT – após a posse de Lula.
Oficialmente, Brasil, Chile e México já apresentaram seus candidatos para disputar a presidência do BID.
Há a possibilidade ainda de Argentina e Equador também sugerirem nomes para o pleito. As indicações podem ser feitas até as 23h59 do sábado. A sabatina dos candidatos ocorrerá no domingo, dia 13, e a eleição, no próximo dia 20.