A Tecnisa, do empresário Meyer Nigri, informou ontem que recebeu uma proposta não solicitada da Gafisa visando a combinação dos negócios das duas incorporadoras. A oferta, enviada na noite de terça-feira, não detalha as condições para a junção das empresas, que ficará a cargo das negociações entre os administradores das duas companhias.
A Gafisa, que detém 3,1% do capital social da rival, também propôs a convocação de uma assembleia extraordinária para validar mudanças no estatuto da Tecnisa. Dentre elas, a retirada do dispositivo "poison pill", que impede a aquisição de fatia relevante da construtora. Além disso, a assembleia avaliará o aumento de R$ 500 milhões do capital da Tecnisa.
Juntas, as duas empresas somam R$ 1,4 bilhão em valor de mercado. Ontem, as ações das empresas se desvalorizaram. Os papéis da Tecnisa caíram 5,55%, e as da Gafisa, 6,52%.
Ao propor a combinação dos negócios, a direção da Gafisa vê a chance de criar uma empresa com potencial de realizar lançamentos de projetos imobiliários que movimentem entre R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões por ano, como resultado das sinergias entre as empresas.
A Gafisa já foi uma das maiores construtoras do Brasil. Em meados dos anos 2000, chegou a ter o bilionário norte-americano Sam Zell como acionista, tendo anos depois entrado em dificuldades com disputas pelo controle, incluindo o investidor sul-coreano Mu Hak You. O capital da Gafisa é hoje pulverizado na Bolsa. Segundo dados da B3, um dos fundos da Planner detém 17% de suas ações.
As duas companhias têm potencial para o desenvolvimento de projetos avaliados em R$ 5 bilhões cada. O cálculo inclui propriedades já adquiridas e opções de compra. O estoque de imóveis soma R$ 1,1 bilhão.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>